Na praia ou no deserto, ela é a própria representação do efêmero. Aqui, porém, a areia dá forma a produtos nada passageiros, que surpreendem na aparência e no conceito. Confira, a seguir, quatro objetos que seguem este princípio.
Vasos sand, de Yukihiro Kaneuchi
Um antigo jogo infantil japonês inspirou o designer Yukihiro Kaneuchi a criar a linha Sand, de 2011, feita com areia de praia, resina, vidro e cortiça. Na brincadeira, chamada Bou-Taoshi, as crianças constroem um monte de areia e colocam uma vareta no topo. Em seguida, os jogadores vão, em turnos, removendo um punhado de grãos de cada vez – perde quem deixar a vareta cair. Na releitura de Kaneuchi, o monte de areia ganha diferentes formas – “sempre primitivas e aparentemente próximas do colapso”, explica ele – e a vareta dá lugar a um recipiente de vidro, semelhante a um tubo de ensaio. Os vasos podem ser adquiridos com o próprio designer, sob encomenda.
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Escrivaninha Pewter, de Max Lamb
Em 2008, quando ainda estudava no Royal College of Art, o inglês Max Lamb decidiu criar um banco a partir de uma forma primitiva de fundição: a escavação do molde na areia. Para tanto, escolheu a praia de Caerhays, na costa sul da Cornuália. “Boa parte de minha infância foi passada nesse lugar, construindo castelos e túneis na areia”, conta o designer. Três anos depois, Lamb voltou ao seu litoral favorito para dar forma a uma escrivaninha baseada no mesmo princípio. Após seis horas de escavação – feita somente com uma barra metálica e uma faca de cozinha –, o molde ficou pronto e recebeu uma liga de estanho derretida. Uma hora depois, a peça foi desenterrada e... voilà! A textura natural da areia pode ser vista em toda a mesa, exceto na parte superior do tampo, que conserva o aspecto liso do metal fundido. Feita sob encomenda, a escrivaninha é uma peça única.
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Timer Just About Now, de Maarten Baas
Conhecido por sua abordagem nada convencional do design, o holandês Maarten Baas criou, em 2012, um timer especial que indica a passagem do tempo de forma imprecisa. “Com exceção de coisas como os horários de trem ou a duração de jogos esportivos, o tempo exato normalmente é irrelevante. Um coffee break, um cochilo ou uma reunião de negócios podem levar alguns minutos a mais ou a menos do que a quantidade exata de tempo prevista”, conceitua o designer. Assim, o usuário preenche uma espécie de funil de vidro com areia (cada colher equivale a 30-60 segundos e o funil cheio dura de dez a 15 minutos, conforme o furo; como as peças são feitas artesanalmente, alguma diferença de tamanho é esperada). Quando ele se esvazia totalmente, um sistema de alavancas aciona o gongo. Produzidas artesanalmente pela Laikingland, as peças são numeradas e podem ser encomendadas no site da empresa.
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Luminária Desert Storm, de Nir Meiri
O deserto e seus mistérios inspiraram o designer israelense Nir Meiri a criar esta luminária. Feitas com resina e areia do deserto de Israel, as cúpulas têm um formato que remete a primitivas casas de barro. “O uso da areia joga com a tensão entre a natureza selvagem do deserto, com suas tempestades de areia, e a delicadeza do design moldado final”, pondera o autor. Essa dualidade é visível nas cúpulas, que têm a superfície externa perfeitamente lisa, enquanto o interior é caracterizado pela aspereza típica da matéria-prima. Lançada neste ano e disponível em versão de piso e de mesa, a luminária é produzida sob encomenda pelo próprio designer, que também cuida da comercialização.
* Matéria publicada em Casa Vogue #341 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)