Ela, filha de um construtor amador de barcos que passou a infância a bordo. Ele, descendente de havaianos e surfista californiano. Portanto, nada mais natural que viver próximo à água. Mas para o casal Sarah e Kimo Bertram, "próximo" não era o suficiente. Apesar de nunca terem imaginado viver sobre o balanço das ondas, eles compraram e reformaram completamente uma casa flutuante em um porto na região de São Francisco. Depois de vários meses, milhares de dólares e muito trabalho, estabeleceram morada ali, em grande estilo.
Tudo começou um dia quando, de brincadeira, foram conhecer a tal casa, depois de vê-la em um anúncio. Ela ficava em Mission Creek, um canal que não tinha nenhum prestígio, como a área vizinha de Sausalito e suas badaladas casas flutuantes. Mas o charme irresistível das árvores que cercam a enseada fez com que os Bertram – oficialmente casados há cinco meses – fechassem negócio dentro de três dias.
Assim começou o projeto de viver em clima de férias nos limites de uma cidade agitada. Nada mais merecido, já que Kimo é vice-presidente de desenvolvimento imobiliário da rede Hyatt Hotels e Sarah é diretora de políticas públicas de um empresa de energia solar. Com a ajuda de dois amigos, um empreiteiro e um arquiteto, construíram o novo lar flutuante de 640 m² em terra firme.
Foram seis meses e 400 mil dólares de investimento. A casa de dois andares chegou ao endereço oficial trazida por um veículo – enquanto o antigo barco foi doado para uma obra social. Sob a intensa aclamação dos vizinhos, ela foi colocada à deriva e afixada na água por uma barcaça de concreto estabilizante. Praticamente um loft, só que flutuante.
Em homenagem ao passado industrial da região de Mission Creek, a cobertura foi feita como nos telhados múltiplos das fábricas, com águas desiguais, e as janelas metálicas ganharam altos batentes, o que também ajudou a aumentar a quantidade de luz que entra na casa. Detalhistas, eles usaram placas de cerâmica da Heath Ceramics, uma companhia histórica do porto, como revestimento em vários pontos. Já a escada giratória que dá acesso ao segundo andar, onde ficam a cozinha, a sala de jantar e o living, foi pintada de um laranja especial: a cor patenteada da ponte Golden Gate.
Uma casa tão cheia de referências não poderia ter um décor que deixasse a desejar. Boa parte da mobília, que permaneceu encaixotada até o fim da obra, foi comprada na Indonésia, enquanto o casal passava a lua de mel. A cama com gaveteiros, para ganhar espaço, foi feita de armários de cozinha da Ikea pelo próprio Kimo. E a cereja do bolo ficou no topo. O casal instalou, no telhado, um catavento com forma de baleia em homenagem ao antigo proprietário do local: Bob Whaley.