Quantcast
Channel: Casa Vogue
Viewing all articles
Browse latest Browse all 23614

Pietro Russo mostra o lar quase surrealista

$
0
0
Pietro Russo (Foto: Filippo Bamberghi)

Segundo Oscar Wilde, o pior inimigo da arte é a ausência de limites. A noção, bastante provocadora, é citada em escolas de design, onde se ensina que fronteiras, regras e obstáculos estimulam a criatividade, em vez de bloqueá-la.O jeito mais proveitoso de lidar com restrições é uma questão fundamental, que cada designer responde à sua maneira.

O projeto da residência milanesa de Pietro Russo, designer, artista e artesão pouco afeito a definições rígidas, nasceu como resposta a um limite espacial desafiador: míseros 50m² de área. “É a diferença entre um quarto gigante e um pequeno”, reflete o morador-autor. “O menor é sempre o mais aconchegante. Mas minha casa é pequena demais, então, precisei aguçar o engenho. As ideias também tomam a forma dos limites, e não somente das possibilidades.”

Para dar conta do recado, Russo se valeu de um rico background. Em seu sucinto refúgio, condensou sua formação em cenografia na Escola de Belas Artes de Florença, a crença oriental na pintura como meio de meditação e sua paixão pelo artesanato como fazer físico – sem  falar da experiência como diretor de arte de cinema, especialista em efeitos visuais e trompe-l’oeil. Tudo isso reduzido ao osso e representado em traços essenciais, coerentes com a lição minimalista do seu mestre, o celebérrimo Piero Lissoni.

O resultado é um sutil jogo de perspectivas. Para aumentar a percepção do espaço, Russo fugiu dos volumes verticais interrompidos à metade, priorizando peças horizontais ou elevadas até o teto. “Eu mesmo executei toda a obra, o que me levou a uma visão mais prática.Querendo aproveitar o interior ao máximo, evitei armários e guarda-roupas verticais. Meus amigos visitaram a casa decorada e acharam maior do que quando estava vazia.”

Capaz de hipnotizar o olhar, a ambientação apresenta detalhes surpreendentes. As paredes descascadas desvendam camadas decorativas deixadas pelos proprietários anteriores e assumem contornos oriundos da imaginação de Russo. É o caso do grande elefante que ilumina a austera cozinha de cimento, ou ainda das raquetes de tênis transformadas em prateleiras e dos pequenos carrilhões ocultados nas paredes do banheiro, que emitem sons enigmáticos.

Além dos objets trouvés, o décor enxuto inclui preciosas peças desenhadas e produzidas por Russo. São itens realizados sob encomenda, em dois ou três exemplares por vez, com a estreita colaboração de artesãos de confiança. “Deixei que a casa me espelhasse completamente, mesmo nas contradições. Afinal, o bom designer de interiores interpreta o gosto do morador e o traduz sem imposições. Neste caso, eu era cliente de mim mesmo. Não tinha limites.”

* Matéria publicada em Casa Vogue #343 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)

Pietro Russo (Foto: Filippo Bamberghi)

 

Pietro Russo (Foto: Filippo Bamberghi)

 

Pietro Russo (Foto: Filippo Bamberghi)

 

Pietro Russo (Foto: Filippo Bamberghi)

 

Pietro Russo (Foto: Filippo Bamberghi)

 

Pietro Russo (Foto: Filippo Bamberghi)

 

 

 


Viewing all articles
Browse latest Browse all 23614


<script src="https://jsc.adskeeper.com/r/s/rssing.com.1596347.js" async> </script>