Ao me deparar com o inspirador Faena Aleph Residences, projetado pelo Foster + Partners, em minha ultima visita à Buenos Aires, me questionei do porque essa arquitetura não poder existir em São Paulo. A fachada é limpa, com materiais simples e linhas retas e seus brises dão um jogo à face voltada para a rua, fazendo um movimento com fechamentos de varandas.
Ahh fechamentos de varandas... Hoje é um desafio quase impossível fazer um edifício, na cidade de São Paulo, contemplando no projeto o fechamento de varandas. Isso porque, com a atualização do Código de Obras e Edificações do município, nos anos 90, o item Saliências, abriu os olhos de investidores que passaram a ganhar até 10% da taxa de ocupação, em cada pavimento, com terraços que não são áreas computáveis. A interpretação destes elementos arquitetônicos, segundo a norma dos bombeiros, dificultou a inserção de novas tipologias nas ruas da cidade. O resultado é um constante envidraçamento das varandas, tão famoso quanto polêmico na era do mercado imobiliário.
No desenvolvimento projectual de um novo edifício para o bairro do Itaim, São Paulo, nossa equipe desenvolveu brises de muxarabi que trouxe movimento à fachada. Essa solução só foi possível porque o fechamento está colocado em áreas que não são varandas e em apartamentos duplex.
Aos olhos de uma paulistana cansada de edifícios neoclássicos da era contemporânea, o que Foster conseguiu, com uma simplicidade de materiais, é um grande incentivo e questionamento de se a atualização do código de obras previu que esses fechamentos de varanda seriam tão usados? Ou ainda, se esse mesmo código não deve ser revisto para um aumento da qualidade de vida e melhora da arquitetura da capital e de suas fachadas?