Toda casa conta a história de seus donos, mesmo que ela tenha sido criada por um decorador da maneira mais impessoal possível. No caso de Annie Hurlbut Zander e seu marido Rick Zander, a morada não somente é um símbolo da relação de mais de 30 anos que eles têm, como representa, com tantos objetos exóticos, um pouco da história de diversos povos do mundo.
Annie admite que é uma colecionadora e que adora o excêntrico. Talvez a formação como antropóloga e arqueóloga tenha influenciado em seu estilo. Ela conheceu Rick, que é compositor, quando estava em busca de uma casa em Kansas City, nos Estados Unidos. Na época, ele trabalhava como restaurador de casas antigas e, entre uma reunião e outra com a nova cliente, acabaram engatando um romance. Por sorte, defende a filha do casal, Balie, de 21 anos, os dois têm um estilo muito parecido na hora de escolher o mobiliário e a decoração. “Já eu, admito ficar horrorizada com um candelabro tenebroso e uma pintura ainda mais feia de Alice no Pais das Maravilhas. Mas meus amigos amam vir até a nossa casa”, revela. E não é de se estranhar.
Quando adquiriram a casa, Annie achou que ela era muito tradicional e pouco imaginativa. Por isso, pintou paredes e corrimãos e, em um dos cômodos, usou um papel de parede que havia sido descartado de uma casa no Peru, que estava sendo reformada. Mesmo os sofás antigos, de veludo desbotado, haveriam de ficar dessa forma. “Odeio peças reestofadas”, revela a antropóloga.
Por todos os lados, camadas de cores, texturas e padrões criam o mood perfeito para alocar a mobília vintage, artefatos antigos, tapeçarias e o que mais a criatividade de Annie achar conveniente. As cabeças centenárias de antílope africano na parede da sala provam que a fama conquistada pela dona da casa nos antiquários da região está mais do que correta. “Quando recebem qualquer coisa estranha, eles me ligam”.
E o gosto apurado da colecionadora, que também é dona da marca de roupas Peruvian Connection, pede vazão. Como acabou de abrir mais uma dezena de lojas pelos Estados Unidos e Londres, ela ganhou mais uma porção de paredes de tijolos aparentes para decorar. Em uma viagem a Paris, ela voltou com 129 peças de antiquários. E mais um novo sofá para sua casa, desbotado pelo tempo em belas tonalidades de amarelo e rosa.