Um chalé em uma floresta, uma casa na árvore construída com as próprias mãos ou uma morada com telhado de sapê na encosta de um fiorde gelado. Cenários primitivos como esses veem à mente quando se tenta imaginar onde o chef René Redzepi poderia morar. Afinal, o proprietário do Noma – eleito o número 1 pelo ranking de Os 50 Melhores Restaurantes do Mundo em 2014 por seus pratos baseados no neonaturalismo – passa quase tanto tempo nos bosques e campos em busca de inspiração culinária quanto na cozinha. Não seria de se estranhar se ele vivesse em um desses locais.
Mas Redzepi reside mesmo em um dúplex no centro de Copenhagen a apenas 10 minutos de bicicleta do restaurante. Ali, a partir da porta de entrada, há um pequeno hall. A sala de estar fica à direita; a de jantar, à esquerda. Paredes caiadas, pontuadas por janelas de um lado, harmonizam-se com o pé-direito alto. No ambiente em que se servem as refeições, o destaque é a grande mesa de madeira maciça, circundada pelas cadeiras Wishbone, design de Hans J. Wegner, e um extenso banco garimpado. Em cantos diferentes, outros complementos. Um carrinho com protótipos de pratos – feitos à mão por Dane Aage Würtz para o restaurante, mas nunca usados –, um armário repleto de xícaras, canecas e copos malcombinados e uma mesinha usada como bar. Abaixo das janelas, obras de arte são colocadas, umas sobrepostas às outras, contra a parede. Embora ainda não tenha encontrado um lugar para todas elas, Redzepi observa: “Não consigo mantê-las escondidas”.
Do lado oposto, fica a cozinha. Uma obra de arte acima da pia chama a atenção e contrasta com o preto e o branco que dominam o espaço. É de um dos artistas mais eminentes da Dinamarca, Kurt Trampedach, e foi encomendada pelo chef. À esquerda, encaixados em um balcão, estão o fogão e o forno. Com uma máquina de espresso, são os únicos eletrodomésticos presentes – na casa não há micro-ondas. O elemento mais atraente da cozinha é a parede com camafeus e muitas fotos – de família, de amigos, de momentos especiais.
Redzepi vive com a mulher e duas filhas pequenas nesta casa que reflete os gostos e interesses da família. Os móveis e os objetos de arte são manifestação de suas preferências. Há histórias em cada detalhe: de uma vasilha especial do restaurante ao quadro de David Shrigley que René comprou após economizar durante um ano. “Não compro só por comprar. É preciso que seja algo de que eu goste. Então, espero, economizo e adquiro”, conta o chef, cuja casa espaçosa, simples e prática é cheia de luz e materiais naturais. De corpo e alma escandinavos.