Pablo Picasso, Francis Bacon e Louise Bourgeois já inseriram sua arte no contexto da tapeçaria. Agora, esse conceito ganha vida de forma atual e, melhor, comercializável. Buscando dissolver ainda mais as barreiras entre arte e design, a grife sueca de tapetes artísticos e artesanais Henzel Studio, de Calle Henzel, convidou, em parceria com o curador Joakim Andreasson, 12 imponentes nomes da arte contemporânea para desenhar a nova coleção Henzel Studio Collaborations – Volume 1. “O objetivo é criar um canal para divulgar a arte por meio de uma mídia alternativa”, diz Joakim. No time estão, entre outros, Helmut Lang, reafirmando sua transição da moda para a arte, MickaleneThomas, cuja marca são os retratos de afro-americanas, e o coletivo AVAF (Assume Vivid Astro Focus), com uma de suas instalações carnavalescas.
As peças formam um mix, que reúne referências ecléticas e vão desde desenhos figurativos até imagens abstratas. “O resultado foi uma passagem suave de uma mídia para outra”, conclui Joakim. Neste mês, durante o Salão do Móvel de Milão, a coleção estará em preview no Temporary Museum for New Design, com dois modelos – são 12 no total. Disponíveis sob encomenda e sob medida, todos são feitos em tear manual, com uma composição de seda e lã do Himalaia.
Um agrupado de formas geométricas nas cores branca, vermelha e preta compõe o tapete do coletivo AVAF. Este remete à recente exposição do grupo na Galeria Triângulo, em São Paulo, cujo tema era o boom imobiliário da metrópole e suas conseqüentes mudanças. “Nada melhor para nós do que o espectador usar, de fato, algo que produzimos, como uma roupa,uma bolsa ou um tapete”, reflete o brasileiro Eli Sudbrack, fundador do coletivo ao lado do francês Christophe Hamaide-Pierson.
Ao espelhar-se em sua escultura Behind, de 2012, Helmut Lang concebeu novas proporções e volumes para a tapeçaria. “Na minha arte, exploro as tensões entre a abstração e a figuração, partindo da matéria orgânica”, conceitua o austríaco. Independente do local escolhido para exibir as obras – seja na parede ou no piso –, o que importa é a reflexão sobre o contexto no qual a arte está inserida. Assim propõe Joakim.
* Matéria publicada em Casa Vogue #344 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)