Há mais de 20 anos, o trabalho que mescla arte e design sustentável do gaúcho Hugo França ganhou reconhecimento na cena internacional. Suas peças funcionais, feitas de troncos envelhecidos de árvore, trazem, de acordo com ele próprio, “a natureza de volta ao convívio humano”. Interessados nessa ressurreição orgânica, os responsáveis pela Bienal de Vancouver convidaram o designer gaúcho para passar uma temporada no Canadá e produzir peças ecofriendly para a edição de 2014-2015.
O primeiro destino do designer foi Squamish, onde desbravou a natureza e conheceu as características da madeira local. Depois, partiu para Vancouver, a 60 km dali, e terminou a busca pelas peças que iria usar em suas novas criações. Após escolher dez árvores condenadas pela natureza ou pela ação do homem, as transformou em enormes peças de arte – que servirão de mobiliário público nos dois anos da Bienal – enquanto desenvolvia workshops com a população local.
A participação do público no processo criativo de França foi um ponto forte do projeto canadense. Dessa maneira, além de gerar obras para a bienal, a população acabava aprendendo – com arte – a valorizar e reaproveitar a madeira das árvores que caem na região.
Na verdade, essa é uma das características mais marcantes do evento, que é voltado para a arte urbana e pública. Ao longo dos próximos dois anos, vários artistas passarão pelo mesmo processo de criação e, gradativamente, adicionarão mais peças à mostra, que irão interagir com as pré-existentes.
Além das obras feitas no Canada, Hugo França também está em cartaz com uma exposição individual em Miami, no Fairchild Botanic Garden, aberta durante a última Art Basel Miami. No Brasil há mais de 100 peças do artista que fazem parte do acervo do Instituto Inhotim, em Minas Gerais, e obras de arte pública espalhadas por parques em São Paulo.