Cidades são musas inspiradoras para muitos artistas e designers, mas para a nova coleção da estilista Angelys Balek essa inspiração é literal: o contexto urbano aparece com frequência em suas estampas ousadas e a construção das roupas não deixa nada a dever à mais sofisticada arquitetura. Depois de formar-se em Belas Artes na Universidade de Bangkok, Angelys estudou moda no London College of Design. Recentemente, o trabalho dela foi reconhecido com sua nominação para o WGSN Fashion Awards, o prestigiado prêmio europeu de moda para novos talentos.
Agora, depois de estabelecer sua etiqueta na Tailândia - com a flagship na Siam Square e uma forte presença na famosa loja de departamentos de Bangock, a ZEN -, Angelys está se estabelecendo também em Nova York, de onde, assessorada pela firma Global Purchasing Group, ela está entrando no disputado mercado de moda americano. “Angelys para nós é um desafio estimulante, pois temos que ter sempre em mente que suas roupas são tanto um produto a ser vendido como sofisticadas obras de arte", diz Mercedes Gonzalez, presidente da Global e estrategista responsável pelo branding da designer.
Esta semana, quando Angelys esteve de passagem por Nova York, acompanhando a produção de sua nova coleção, sentei com ela em um agradável bate-papo exclusivo para Casa Vogue.
O que mais te inpira como designer e artista?
Viajar e conhecer novas cidades, novas culturas. E depois filtrar esse material através da minha espiritualidade. Divido meu tempo entre explorar o mundo e aplicar essa inspiração nos meus designs e prints.
Como as cidades te influenciam?
Meu ir e vir entre esses continentes; um dia em Londres, para um desfile; depois Nova York, para negócios; e de volta à Tailândia para a vida diária me expõe a uma fusão eclética de experiências que sempre acaba sendo expressa no meu trabalho. Minha última coleção veio especificamente de uma viagem à Europa, onde visitei várias cidades e também o campo. Quando voltei à Nova York, o contexto hiper urbano me levou a uma fusão da arquitetura com a natureza.
E como essa fusão se expressa no seus designs?
Os padrões são impressões do meio construído pelo homem em contraponto com o natural; o orgânico e o urbano competindo pelo espaço e pela relevância no nosso dia a dia. É uma experiência fragmentada pela ótica do tempo e espaço.
E como você vê a influência da arquitetura propriamente dita no seu trabalho?
Sempre tive olhos para o assunto, seja viajando ou indo a eventos como o Design Miami e a Bienal de Veneza. E isso se traduz na criação de minhas próprias referências arquitetônicas, refletindo nas formas clean e minimalistas do meu trabalho. O tema fica visível principalmente na coleção Somewhere, Now Where. E, além das formas, também a “construção” de cada peça tem uma atenção ao detalhe bastante similar ao cuidado que requer um edificio de qualidade e refinado acabamento.
Quais os nomes da arquitetura que mais te inspiraram?
Gosto muito de Frank Lloyd Wright e a elegância dos terraços da Casa da Cascata; o equilíbrio entre natural e construído. E também Gaudi, por sua celebração da geometria da natureza; uma obra moderna e com uma pegada inovadora dentro da modernidade.
E como é aplicar a sensibilidade do seu treinamento como artista visual ao design de roupas?
Trata-se de um processo bastante natural. Na minha arte eu uso o suporte da pintura e das colagens, um cut and paste virtual de experiências, impressões e memórias afetivas. E o resultado se transforma nos padrões que são a base das minhas roupas. A expressividade do conceito flui suavemente.
Você usa muito o neoprene como material. O que te atrai nele?
O neoprene tem a habilidade de se ajustar ao corpo da pessoa e conferir grande agilidade. É um material que aceita muito bem impressões e cores, além de ajudar a traduzir minha arte em algo versátil, funcional e confortável.
Para encerrar, como você define sua filosofia de moda?
Meus desenhos sao criados para serem meios de realização para a mulher, a fim de celebrar sua individualidade, senso de expressão própria, e sua feminilidade - tudo combinado de uma maneira positiva. Eu diria que é um mix daquela energia urban chic de Nova York somada à sensualidade exôtica da Tailândia.