Arne Garborg é o nome de um escritor norueguês que viveu entre 1851 e 1924. Também foi o nome escolhido, 90 anos depois de sua morte, para designar uma obra arquitetônica do estúdio TYIN Tegnestue. Arne Garbourg passou, então, a intitular uma ousada extensão de 48 m² erguida em um bairro residencial da cidade de Trondheim, na Noruega.
O projeto encomendado por uma família de quatro pessoas – o casal e dois filhos –, pretendia aumentar a área de uma residência originalmente pensada apenas para duas. O resultado foi uma construção geométrica com uma parede de 30 cm de espessura, que aumentou consideravelmente o espaço de convivência daquele lar.
As formas inusitadas da extensão – que geraram polêmica na vizinhança, polarizando opiniões entre o amor e o ódio – vieram da necessidade de distribuir funções nos novos cômodos. No térreo, as paredes curvas criaram um hall de entrada espaçoso – e com um pé direito altíssimo – combinado com um banheiro e uma lavanderia. Já o segundo andar tornou-se uma sala multiuso, onde os dois filhos do casal passam boa parte do tempo brincando.
As fachadas inclinadas do lado externo foram feitas usando pinho tratado, um material ecofriendly adorado pelos arquitetos da TYIN Tegnestue. Já as paredes do lado de dentro foram construídas usando folhas de compensado de bétula norueguesa, parafusos visíveis e detalhes simples. Dessa estrutura nasceu também um grande armário que faz as vezes de banco. Em uma combinação elegante, enormes janelas quadradas de vidro permitem a entrada da luz e presenteiam os moradores com belas vistas do lado de fora. Apesar de grandes, elas não comprometem a privacidade, uma vez que a superfície externa do material é espelhada. O vidro também está presente no parapeito do segundo andar, protengendo e separando o espaço com transparência.
Em uma citação célebre, Gaborg afirmou: “dizem que com o dinheiro você pode ter tudo, mas não pode. Você pode comprar comida, mas não apetite; remédio, mas não saúde; conhecimento, mas não sabedoria; brilho, mas não beleza; diversão, mas não alegria; conhecidos, mas não amigos; servos, mas não fidelidade; lazer, mas não paz. Você pode ter a casca de tudo, mas não o núcleo”. Os donos da casa que ganhou uma extensão com o nome do escritor parecem saber muito bem disso. O que poderiam fazer com o dinheiro, eles fizeram. Investiram em uma bela casca para a proteção e a felicidade do bem mais precioso que eles têm: o núcleo da família.