Em busca da própria personalidade, Anna Maria Maiolino tornou-se uma artista multidisciplinar. Tanto que sua exposição na galeria Hauser & Wirth, em Nova York, recebe desenhos, pinturas, fotos, esculturas e vídeos. Além disso a autora, nascida na Itália e radicada no Brasil, ainda percorre as esculturas, os livros de artista e o que mais ela puder colocar as mãos.
A mostra Between Senses, que fica aberta até o dia 21 de junho, representa um pouco da busca do nome que se tornou um dos mais significantes na cena brasileira durante as cinco décadas de carreira. Sua arte expressa, através da abstração do corpo humano, uma preocupação infinita com os processos criativos e destrutivos e, acima de tudo, a busca incessante pela identidade.
Quando a artista chegou ao Brasil, na juventude, o país entrava na época da ditadura militar. O contexto se refletiu em sua obra em uma relação confusa entre dicotomias do interno e do externo e do pessoal e do outro. Seu trabalho é como uma busca por uma nova linguagem que represente a existência.
“Nessa época eu era uma imigrante que não falava português, e que se manteve viva pela busca obstinada por uma linguagem e pela obsessão por se tornar artista. Gastei toda a minha energia ao tentar me tornar um indivíduo. Um corpo angustiado, existencial e formado de arte. Estava tomada por dúvidas, mas ainda assim queria participar daquele momento fantástico de efervecência social, política e artística que obrigava todos a fazerem alianças com as gerações anteriores”, conta, que fez parte junto a Lygia Pape, Lygia Clark, e Hélio Oiticica dos movimentos neoconcretismo, neofiguração e nova objetividade. “Queríamos desenvolver uma arte nacional autônoma, distante de padrões externos e modelos. Sonhávamos com uma América Latina autônoma e livre”.
Anna Maria Maiolino: Between Senses
Data: até 21 de junho
Local: Galeria Hauser & Wirth
Endereço: 32 East 69th Street, Nova York, NY
Horário: de terça a sábado, das 10 h às 18 h