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Polo cultural do país, Recife está em alta

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Lazer Viagem Recife (Foto: Hugo Acioly )

“O encanto do Recife não aparece à primeira vista”, avisa Manuel Bandeira (1886-1968), o poeta que, mesmo morando no Rio de Janeiro, não cessava de cortejar a cidade natal. E é verdade. Do seu Marco Zero, adornado pelo painel de Cícero Dias (1907-2003) – pedras de quartzo e granito formando uma rosa dos ventos –, a cidade, nascida em 12 de março de 1537, se espraia, fazendo um generoso convite a quem quiser descortiná-la.

O passeio começa em Boa Viagem, coração da Zona Sul, em circuito praia-compras-gastronomia. Para se hospedar nesse it bairro, faça reserva no Transamérica e acorde de frente para o mar. Para aqueles que estão dispostos a ficar um pouco mais afastados, a opção é o luxuoso Nannai Resort&Spa, em Porto de Galinhas, a 70km de Recife, que acaba de abrir o descontraído Bar Gamboa, com jukebox e chefs convidados.

Lazer Viagem Recife (Foto: Hugo Acioly / Setur-PE)

A ida às compras se traduz tanto na possibilidade de adquirir obras de renomados artistas visuais pernambucanos contemporâneos – a exemplo de Kilian Glasner, Bruno Vilela e Paulo Bruscky, encontrados na Amparo 60 Galeria – ou peças dos modernistas locais, à la Vicente do Rego Monteiro, representados pela Galeria Ranulpho, como na chance de pensar em criativas interferências no lar. Já a Maria Casa, com papéis de parede, e a Itálica Casa, com peças da Moooi e Kartell, garantem o tom contemporâneo aos amantes do design. Para um approach mais tradicional, a Casa Antica comercializa mobiliário, lustres e arte sacra dos séculos 18 e 19.

Da pausa para o décor até a farra, como se diz em bom “pernambuquês”, é um pulo. Em BV, apelido do bairro adotado pelos locais, o início da noite é marcado por um drinque nos bares da galeria Joana D’Arc ou no novíssimo Provout Café e Bar. Enquanto os adeptos do chope na orla encontram-se no Boteco Maxime, os mais gourmets jantam no É (peça o camarão com molho de maçã e queijo gruyère) ou no Mingus, ao som de jazz, blues e bossa. Desejo de frutos do mar? Justo. A pedida é o Bargaço.

No dia seguinte, o caminho natural para se alcançar o coração da cidade passa pelas pontes. Impossível dissociar Recife do rio que lhe define, o Capibaribe. Seu nome tem origem tupi: Caapiuar-y-be ou Capibara-ybe, que significa “rio das capivaras”. Duas saídas diárias (16h e 20h) de barco, o Catamaran, propiciam um olhar diferente da cartografia urbana: o Teatro de Santa Isabel, inaugurado em 1850, e o casario da Rua da Aurora são pontos altos do percurso.

Lazer Viagem Recife (Foto: Divulgação)

A melhor maneira de conhecer o centro é a pé, driblando o calor com uma visita à Capela Dourada, joia do século 17 com suas talhas de madeira banhadas a ouro, e ao Mercado de São José, onde turistas e moradores se juntam para consumir produtos locais. Bem ao lado, no Pátio de São Pedro, a mais deliciosa carne de sol de Pernambuco está no restaurante O Buraquinho, que também serve uma galinha à cabidela de lamber os beiços. No tradicional Leite, fundado em 1882, peça a cartola, sobremesa feita com banana frita, queijo de manteiga e canela.

Atravessando o rio pela ponte Maurício de Nassau, sempre a pé, chega-se ao Bairro do Recife. Na Sinagoga Kahal Zur Israel (a primeira das Américas, de origens no século 17) e na Torre Malakoff (erguida para ser um observatório astronômico, também durante a época de Nassau), percebe-se como a capital é cheia de história. No Centro de Artesanato de Pernambuco, inaugurado em 2012, peças de couro, fibra, madeira e papel de mais de 500 artistas estão à venda. Nos recém-inaugurados Paço do Frevo e Cais do Sertão, a cultura nordestina e a força de Luiz Gonzaga (1912-1989) se mostram em dois centros que aliam tecnologia à preservação da memória.

Lazer Viagem Recife (Foto: Carlos silvio)

Plural no quesito sabores que abraça, a Zona Norte da cidade tem dois recantos peruanos, Chiwake e Siwichi, que valem a visita. Por lá, delicie-se com os quitutes da Oma Patisserie, mas se a fome apertar durante a madrugada, não deixe de conhecer o complexo Barchef Mercado Gourmet: casarão tombado que abriga restaurante italiano, delicatessen, pub e vinoteca.

Ainda pelo norte, a casa onde morou Gilberto Freyre é uma preciosidade transformada em fundação, enquanto a Oficina Brennand faz as vezes de santuário criado pelo pintor e escultor Francisco Brennand a partir das ruínas da Cerâmica São João da Várzea. As cerâmicas com o selo da fábrica, fundada em1917 por seu pai, são tão tipicamente recifenses como o bolo de rolo (um dos melhores pode ser comprado na Casa dos Frios, no bairro das Graças). Do Recife cantado em verso e prosa por Bandeira, João Cabral de Melo Neto, Chico Science, Lenine e Alceu Valença, difícil é sair sem um deles e outros mimos na bagagem. Ou ir embora sem pensar logo na volta. Afinal, todos os rumos partem daqui, já arrematava o título da rosa dos ventos do Marco Zero: “Eu vi o mundo... Ele começava no Recife”.

* Matéria publicada em Casa Vogue #346 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)

Lazer Viagem Recife (Foto: Gustavo Sóter)

 

Lazer Viagem Recife (Foto: Andréa Rêgo Barros)
Lazer Viagem Recife (Foto: Cifra Engenharia / Setur-PE)
Lazer Viagem Recife (Foto: Divulgação)
Lazer Viagem Recife (Foto: Rogério Maranhão)

 

Lazer Viagem Recife (Foto: Divulgação)
Lazer Viagem Recife (Foto: Rafael Medeiros )

 

 















 













 


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