Em 1937, o governo nazista da Alemanha criou uma comissão autorizada a confiscar obras de museus e coleções particulares do país todo. O alvo era a arte moderna, considerada anti-alemã, judaica e comunista pela intelligentsia do regime. As peças foram ridicularizadas publicamente em uma exposição chamada Arte Degenerada, em Munique - que contou com a visita do próprio Hitler.
Esse episódio assustador da história alemã deu referências para a coleção de design-arte The Sorry Collection, criada pela desenhista industrial Tessa Koot em colaboração com a fotógrafa Lisa Klappe. As peças, feitas à mão, revisitam móveis do período dourado do modernismo europeu - revolucionários naquela época, hoje clássicos.
Os móveis fundem objetos banais ao que parecem ser pedaços de criações icônicas, como o relógio Ball, criado em 1948 pelo designer George Nelson. Uma das cadeiras traz a águia, símbolo do nazismo. Cores primárias e linhas retas fazem menções aos móveis criados na primeira metade do século 20. Mas, nessas peças, a forma não segue a função.
"Estou mais interessada em criar um mundo artificial do que em projetar para conforto ou utilidade prática", afirma Tessa. "Alguns dos meus designs são muito confortáveis, mas é só uma coincidência."
As invenções da artista se aproximam mais de esculturas. Tanto que ela desenha suas criações. "Simplesmente começo a trabalhar e então permito que minha obra me leve aonde for. Gosto de me manter aberta a novas descobertas durante meu processo de trabalho", conta a moça, que lança uma nova coleção a cada seis meses. Esta última foi exposta em abril, durante a Semana de Design de Milão.
