Apesar de ter divido com Oscar Niemeyer, aos vinte e poucos anos, o reconhecimento como um dos mais requisitados arquitetos cariocas, o destino de Sergio Bernardes acabou levando sua história para outros rumos. Sempre lembrado como revolucionário e bem humorado, virou personagem principal de um documentário. Trata-se de Bernardes, filme selecionado para a Mostra Competitiva do 19º Festival É Tudo Verdade, que está em cartaz no circuito alternativo de cinema e estreia 16 de agosto no canal GNT.
O projeto do longa é do neto do arquiteto, Thiago Bernardes – que compartilha a profissão do avô e é ganhador do A+Awards do Archtizer, uma das importantes premiações mundiais do ramo, com o projeto do Museu de Arte do Rio – MAR. Dirigido por Gustavo Gama Rodrigues e Paulo de Barros, o documentário entrevista contemporâneos de Sergio e visita suas obras para tentar reconstruir sua trajetória enigmática.
Tudo começa com um Bernardes jovem prodígio que tinha uma agitada vida social. Em sua casa na Avenida Niemeyer, recebia nomes como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Dorival Caymmi e Le Corbusier. O filme também aborda sua mudança para os EUA em busca de novas possibilidades tecnológicas e o tabu do desaparecimento de seu nome nos currículos das faculdades de arquitetura, uma consequência das obras feitas para o governo militar. O ápice é o momento em que deixa o casamento de 25 anos com uma contundente carta à família para dedicar-se a visionárias e megalomaníacas propostas sociais que envolvem a arquitetura e urbanismo. Tudo termina, aos 82 anos, com a amargura de não ver seus ousados projetos realizados.
Durante a produção, seu vasto material documental e iconográfico, há mais de uma década guardado, foi recuperado e encontra-se agora sob os cuidados do Núcleo de Pesquisa e Documentário da FAU/ UFRJ. São 22.500 plantas, inúmeros croquis, textos, teses e poesias e mais de 8 mil fotografias que registram 65 anos de produção intelectual de um homem que veio ao mundo para propor novas possibilidades.