Um dos mais badalados artistas da atualidade, o japonês Hiroshi Sugimoto entra agora na área do design. Conhecido mundialmente por séries fotográficas de alta sofisticação temática e qualidade técnica, com uma estética toda própria derivada sempre de elaborados raciocínios conceituais – e trabalhos que podem superar US$ 1 milhão – o profissional hoje se arrisca em projetos de arquitetura, talvez uma evolução natural para um artista tão exímio em documentar espaço e luz.
Um dos primeiros projetos de Sugimoto é o Café Sasha Kanetanaka, localizado no edifício Oak Omotesando, na famosa avenida Omotesando, no bairro Aoyama, em Tóquio. Na confluência dos consagrados starchitects, com seus tour de force para as lojas de luxo Prada, Costume Nacional, Hermès, Fendi, Tod´s e Marc Jacobs, o artista se destaca usando a mesma sensibilidade minimalista que traz a todos seus trabalhos de arte.
Inicialmente, Sugimoto foi convidado para contextualizar o espaço de entrada do edifício, onde seria instalada a “013”, uma de suas esculturas, inspirada em uma equação matemática. Com o desenrolar das conversas, o cliente e colecionador acabou chamando-o para projetar também o café que ocuparia o primeiro piso do edifício comercial.
Para contrastar com o aço inoxidável polido da escultura, Sugimoto resolveu cobrir as paredes do lobby com pedras cortadas de maneira a deixá-las com aparência natural, rústica, e estabelecendo assim um diálogo entre o primitivo e o civilizado.
Subindo a escadas, ainda envolta pelas grandes pedras, agora suavizadas pela luz filtrada pelo vidro opaco da janela próxima a escada, chega-se ao café propriamente dito. Duas longas mesas comunais de 9 metros cada uma definem o ambiente que se abre – de um lado para o rock garden e do outro para uma pequena área com algumas mesas mais íntimas. Estas são feitas com tampos de cedro canadense – leia-se quase mil anos de idade - e acabamento claro, apesar de uma forte presença.
A inspiração das cadeiras veio de uma outra série famosa do fotógrafo. Com um encosto curvo escultural, que nada deixa a dever à escultura da entrada, as peças são executadas com o mesmo esmero de detalhe e qualidade que se vê na impressão perfeita de suas disputadas fotos.
Se as mesas definem o espaço, é o jardim de pedras que determina o feeling do ambiente. Separado do espaço principal por uma parede/porta de vidro, o jardim contém pedras selecionadas e arranjadas pessoalmente por Sugimoto, numa das mais exaustivas partes do projeto. Para esta seleção, foram pesquisadas quais minas ofereciam as texturas e tons desejados, e depois escolhidas a posição no arranjo. Além da serenidade, dependendo do dia, se há sol ou não, as pedras refletem a luz de maneira variada dando vida ao ambiente. Não é à toa que quando foi perguntado o que a fotografia e a organização do espaço tem em comum, a resposta veio fácil: “Para ambos precisa-se saber como receber a luz”, disse Sugimoto.
Alem do décor especial, o restaurante também oferece um dos melhores e mais originais sushis de Tóquio, o que rapidamente o tornou um dos pontos favoritos de quem busca a calma na hora da refeição. O Café Sasha Kanetanaka é um bom exemplo de que a simplicidade também pode ser um item de luxo.
Café Sasha Kanetanaka
Endereco: 3- 6-1 Kitaaoyama, Minato-ku, Tóquio, Japão