Após a aprovação da revisão do Plano Diretor Estratégico de São Paulo pela Câmara Municipal no dia 30 de junho, o uso viário do Elevado Costa e Silva – o Minhocão – está com os dias contados. A proposta é que a desativação seja feita de forma gradual, nos próximos 4 anos.
O custo para a demolição está avaliado em R$80 milhões, valor idêntico ao da construção de um parque elevado. A proposta não é nova por aqui, já que em 1987 o arquiteto Pitanga do Amparo havia publicado a ideia num artigo no “Jornal da Tarde”.
Seria uma utopia no Brasil? Inspirado em projetos como a Promenade Plantée de Paris e o Parque High Line de Nova York, há os que defendam que o parque já existe de fato e faltam apenas as árvores.
O Minhocão é um grande exemplo de apropriação espontânea do espaço público. Fecha para o tráfego de veículos de segunda a sábado, das 21h30 às 6h30 e aos domingos e feriados é exclusivo para pedestres. Mesmo sem contar com uma estrutura propícia, as pessoas comparecem ao “parque”. O elevado transformou-se em espaço de efervescência cultural no qual as atividades mais variadas acontecem de forma orgânica.
Além do uso como parque de lazer e para a prática de exercícios, diversas intervenções artísticas inusitadas ocorrem no local: desde a instalação de uma piscina olímpica temporária até a apresentação de teatro de rua através das janelas de um dos prédios. Projeções nas fachadas, festivais gastronômicos e piqueniques no Minhocão já fazem parte dos finais de semana dos paulistanos.
A questão nunca foi tão relevante: demolir o viaduto ou construir um parque elevado? De qualquer forma, pensar a cidade a partir de pessoas, e não de veículos motorizados, é uma maneira de modificar a política pública urbana que vem sendo colocada em prática no país. Neste contexto, a participação democrática na construção da cidade é, sem dúvida, a chave para a evolução do debate.