Até 26 de agosto, a galeria Bolsa de Arte, em São Paulo, exibe uma individual com 20 obras do artista plástico Carlos Vergara. Os curadores selecionaram esculturas, desenhos e pinturas.
É um passeio instigante, mas não espere entretenimento fácil. Os trabalhos do artista gaúcho funcionam como charadas. Apreciá-los envolve tentar responder a uma pergunta: como enxergar essa sucessão complexa de imagens?
A resposta está em tornar o olhar mais atento e sensível a pedaços da natureza que, nas palavras da crítica Juliana Ripoli, nem percebemos, de tão absortos em nós mesmos. "Vários podem ser os pretextos [para a minha arte]", conta Vergara. "Um canto de paisagem esquecido, escondido, uma implosão, um telhado visto por baixo. É um trabalho construído para se ver pensando."
A natureza atravessa a obra de Vergara. Ela serve, por exemplo, como matéria-prima - minérios e pigmentos naturais são misturados aos artificiais. Às vezes, assume o papel de tema, como nas monotipias, ou decalques. Neles, as ranhuras de pedras e galhos transferem-se para a lona.
"Há, na multiplicidade de sua obra, como um todo, a construção dos elementos em camadas, fragmentos, pedaços, vestígios, cortes, partes", relembra Ripoli, no livro Carlos Vergara (Automática, 2013). "Seus trabalhos são para serem desvendados a partir de um olhar atento, consciente, investigativo”. Boa lembrança de que a beleza nos cerca - mas precisamos aprender a procurá-la.
Carlos Vergara
Local: Galeria Bolsa de Arte
Endereço: Rua Mourato Coelho, 790, Vila Madalena, São Paulo
Data: até 26 de agosto
Horários: de segundas a sextas, das 10h às 19h; sábado das 11h às 18h
Entrada franca