Se construir tendo o oceano como vizinho é privilégio de poucos, Eric Peterson e Christina Munck, proprietários da Casa Tula, fazem parte de uma minoria ainda mais exígua. O casal ergueu seu lar a apenas 13 metros acima do Oceano Pacífico, na remota ilha de Quadra, na província de Columbia Britânica, Canadá.
A construção tem projeto do escritório Patkau Architects. Os profissionais decidiram criar uma casa com referências à variedade de paisagens. A leste, vê-se o mar, pontuado ao longe por ilhas e montanhas; a sul, uma pequena enseada. A morada de 420 m² também é cercada por morros cobertos de musgo e uma floresta negra, salpicada por árvores com folhas avermelhadas.
Um volume de aço projeta-se para além do paredão de rocha. É ali que ficam sala de estar, escritório e uma varanda. Os ambientes internos são protegidos por panos de vidro que vão do piso ao teto, garantindo a vista para as montanhas e o oceano. O material também aparece no piso, permitindo ver a rocha abaixo.
Entra-se na morada através da face voltada para a montanha. Ali há um pátio com piso de concreto e um espelho d'água, formado por um lençol freático que emerge no local. Os cômodos organizam-se em torno do ambiente e têm planta angulosa. "A ordem geométrica e espacial da casa reflete a irregularidade casual das elevações rochosas, praia e floresta", contam os arquitetos.
As paredes são feitas de concreto e orientam a movimentação no interior para espaços de onde se enxerga a bela paisagem. Assim, as janelas da cozinha emolduram a enseada; os banheiros têm vistas para um paredão rochoso coberto de musgo; e o pátio garante a visão das árvores.
Os revestimentos revelam o compromisso da arquitetura com a elegância sóbria. O concreto fica exposto na maioria dos pisos e paredes – alternando espaço com o vidro. Tudo muda na sala de estar, marcada pelo aconchego da madeira.
A casa parece desaparecer na paisagem. Seu teto de aço foi coberto de musgo e plantas nativas. De longe, à noite, somente a luz quente do living e escritório aparecem sobre o vasto oceano. De lá, o casal dirige a Fundação Tula, dedicada a melhorar a saúde em países como a Guatemala e fortalecer a ciência e educação no Canadá.