"Nós possuímos uma fileira de 100 m de livros". A frase, dita por um casal intelectual, serviu de ponto de partida para os arquitetos Laszlo Foldes e Peter Sonicz criarem a casa para a dupla. O cômodo principal da morada, portanto, é o corredor de 17 m, onde uma estante escultural abriga a biblioteca construída durante a vida.
O lote acidentado na cidade de Pilisborosjeno, a 15 km de Budapeste, na Hungria, garantiu que a morada ficasse escondida atrás de um jardim, composto pela vegetação que já habitava o lote. Melhor para o casal, que espera se aposentar em breve, desfrutando do som dos pássaros e do aroma das flores.
Os arquitetos decidiram criar uma casa plana, para quando a velhice chegar. A morada é longa e estreita, como o terreno. Entra-se nela pelo meio. À esquerda, próximo à frente do lote, ficam os aposentos do casal e o quarto de hóspedes.
À direita, o corredor leva a uma cozinha integrada à sala de jantar. O próximo cômodo é a sala de estar, cuja esquadria de vidro do chão ao teto oferece vistas panorâmicas para a paisagem abaixo. Tanto o living quanto a suíte master possuem terraços, onde é possível ficar mais próximo à natureza.
O terreno inclinado permitiu aos arquitetos construir ambientes com pisos cada vez mais baixos. Assim, o pé-direito aumenta gradualmente, desde a altura menor — e mais aconchegante — do quarto do casal, até a ampla varanda, com vista sem limites para o exterior.
As paredes de tijolinho da morada têm 50 cm de espessura. Não é nenhum desperdício: a maior dimensão aumenta a inércia térmica da construção, garantindo uma temperatura mais constante. Assim é possível diminuir os gastos com climatização durante o gelado inverno e escaldante verão da Hungria.
A parede, somada à estante, também permitiu que os arquitetos criassem nichos com almofadas, onde os moradores podem sentar. Poucas coisas são mais gostosas, afinal de contas, do que ler aconchegado calmamente à luz de uma janela.