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Arte brasileira marca lar em São Paulo

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Casa Consuelo Jorge (Foto: Fran Parente)

Este apartamento de etéreo minimalismo, no Jardim Paulistano, em São Paulo, é o principal pouso, no Brasil, de uma ex-CEO, pós-graduada em política internacional e história da arte, que vive com a filha entre a capital paulista e Nova York, a residência oficial. Com um histórico pessoal de mais de duas décadas devotadas ao colecionismo, ela encomendou à arquiteta Consuelo Jorge uma reforma que valorizasse sua trajetória intimamente ligada aos movimentos artísticos. “Mira Schendel, Frans Krajcberg, Leonilson e Tunga estão entre os artistas que me emocionam e me instigam. São viscerais, livres no tempo e no espaço. Mas há tantos outros”, admite a colecionadora. E acrescenta: “Preciso me apaixonar pelo criador, não somente pela criação”.

Logo na entrada, a poética arquitetônica dá o tom. A área livre de artifício pela qual o visitante é obrigado a atravessar é um hall? Uma instalação? “É o túnel”, indica a arquiteta. Trata-se de um hiato tridimensional que faz a transição, material e simbólica, entre exterior e interior, forrado de pínus finlandês certificado, que brotou da vontade de não ter uma porta convencional. Bem entendido, aqui, a originalidade não é carteirinha de modernidade, mas intrínseca ao espírito autoral, genuíno, que permeia este imóvel de 600 m², inicialmente com cinco suítes, reduzidas a duas após a reforma que o metamorfoseou em um espaço singular para abrigar o acervo que mescla o barroco brasileiro como moderno e o contemporâneo.

Apartamento Consuelo Jorge (Foto: Fran Parente)

Passada a sensação do túnel, a experiência no living amplo. À maneira de um templo alvo, despojado, o visitante é recebido por uma peanha em policromia dourada, fixada no alto da parede à esquerda, como nas igrejas. Ela leva a assinatura de Mestre Valentim (1745-1813), aclamado entre as melhores produções em seu tempo. Assim como Aleijadinho, foi um grande nome do nosso barroco mineiro. Ao centro, entre o par de sofás do italiano Piero Lissoni, outra obra icônica,mas da nossa arte contemporânea: a trança de Tunga, Cabeleira, c. 1980, que desenrola sua sensualidade cacheada, dourada, desinibida, por mais de 2 m no chão.

Exprimindo o respeito à liberdade de morar de cada um, não há a tradicional sala de jantar, mas uma sala de repasto atual, que resguarda uma cozinha gourmet completa, com mesa de seis lugares sobre tapete marroquino e, na parede, a tela Tijolos, de Mira Schendel. Interessante também ressaltar a solução adotada no escritório, onde a biblioteca é composta de três portas pivotantes, com prateleiras acopladas, que desvendam ou escondem o home theater.

Guardando cuidadosa distância entre um e outro, os bons nomes da arte expostos pela morada são muitos: Julio Le Parc, Iberê Camargo, Tomie Ohtake, Abraham Palatnik, Lasar Segall, Cícero Dias, Calabrone, Flávio Shiró, Marcos Coelho Benjamim, Rosângela Rennó, Rafael Assef, Claudia Andujar, Mario Cravo Neto e Miguel Rio Branco, entre outros geniais criadores. Com propriedade e personalidade, a dona da casa define seu estilo de habitar: “O que realmente importa, para mim, é poder criar e orquestrar os significantes, isto é, os meus próprios significantes”.

* Matéria publicada em Casa Vogue #349 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)

Apartamento Consuelo Jorge (Foto: Fran Parente)

 

Casa Consuelo Jorge (Foto: Fran Parente)

 

Casa Consuelo Jorge (Foto: Fran Parente)

 

Casa Consuelo Jorge (Foto: Fran Parente)

 

Casa Consuelo Jorge (Foto: Fran Parente)

 

Casa Consuelo Jorge (Foto: Fran Parente)

 

Casa Consuelo Jorge (Foto: Fran Parente)

 

Casa Consuelo Jorge (Foto: Fran Parente)

 

Casa Consuelo Jorge (Foto: Fran Parente)

 

 

 


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