Ao pairar o olhar sobre as obras, a sensação do expectador será de estar refazendo um caminho. Talvez até lhe surja um déjà vu. Mas, recompondo-se e colocando as ideias na cronologia do tempo, será possível perceber logo que se trata de Celso Orsini. Sim, é sua arte que se apresenta com um elo no passado, afinal, a exposição Ora, direis, ouvir cores!, na Galeria Mônica Filgueiras, na capital paulista, está impregnada de vestígios de seu trabalho realizado ao longo de sua trajetória.
Mineiro de Itabira, Orsini é daqueles artistas resistentes, insistentes, que não dá vez ao acaso. E, agora, ou sempre, perturba o interlocutor com suas telas. Esqueça a contemplação ao observar cada uma delas. “Se pintar é apresentar, tornar presente, tornar visível através de sinais gráficos, é também origem de novas questões, funcionando como um motor de busca que lança perguntas e tenta obter respostas”, diz Orsini. Portanto, sua mostra vai além de um olhar, chega ao questionamento.
Ora direis, ouvir cores!, título inspirado em uma frase de Olavo Bilac (Ora direis, ouvir estrelas!), traz para ao público 15 obras recentes, com diversos formatos – de óleo sobre tela e óleo sobre papel. Orsini, que sempre fez referências ao seu estado natal, faz do quadro um espaço penetrável, onde pintura gera pintura. E o presente se mescla ao passado, ou o passado invade o presente, ou ainda o presente surge por sua própria existência. Assim é Orsini: um artista que adora “perturbar”.
Exposição: Ora direis, ouvir cores!
Data: de 22 de outubro a 15 de novembro
Local: Mônica Filgueiras Galeria de Arte
Endereço: Rua Bela Cintra, 1533, São Paulo, SP
Horário: de segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado das 10h às 14h30