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Vivendo com estilo no Vidigal

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Estilo Vidigal (Foto: Murillo Meirelles)

Cariocas de nascimento ou vocação, vindos de endereços tradicionais da cidade, subiram o morro com vontade de mudar de vida e aos poucos vêm transformando a cara do Vidigal com projetos sociais e ótimas sacadas comerciais: lajes dão lugar a restaurantes, portinhas se abrem da noite para o dia com placas avisando novos albergues e bares, pontos de encontro de quem acredita que o hype é mais em cima e o buraco, mais embaixo, na anabolizada Dias Ferreira.

O cantor Otto acaba de chegar. Há um ano e meio, mudou-se com a mulher, a atriz Amanda Lira, e não sai de lá por quase nada. “As pessoas não se importam como você anda, quem você é, tudo é cool e pacato”, diz o pernambucano, que sobe a pé a pirambeira que leva à sua casa – “é bom para as pernas”, ri. “Tem muito nordestino também, a cultura é rica pela mistura de pessoas do Brasil todo. Durmo com o som do mar, se eu estivesse de frente para a Vieira Souto teria barulho de carro!”.

Estilo Vidigal (Foto: Murillo Meirelles)

A promoter Clarisse Miranda trocou há seis anos a Gávea, reduto de globais e artsy people, pelo “Vidiga”, que considera “um oásis de realidade no meio da zona sul”. Vive com o marido, o fotógrafo Rodrigo Paredes, e as cachorras Conceição e Guadalupe numa casa e numa rua que lembram um Rio de antigamente.“ No asfalto, ninguém olha na sua cara ou se importa com você, só os porteiros sabem da sua vida”, conta. “Aqui, logo que me mudei, os vizinhos sabiam que eu ainda estava sem gás e me convidaram para almoçar.”

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Vizinha de Clarisse, a atriz Mônica Assis também trocou a Gávea pelo Vidigal há um ano e meio, quando decidiu ingressar no grupo de teatro Nós do Morro, de onde já saíram nomes que estrelaram novelas daTV Globo e filmes como Cidade de Deus. Aliás, Mônica, conhecida na cidade inteirinha como Nêga, é filha legítima da Cidade de Deus. “Considero o Vidigal uma volta às minhas origens. Precisava de novo desse contato direto com pessoas de verdade”, diz. “E tenho o horizonte na minha frente, o Dois Irmãos do meu lado. É qualidade de vida.”

Estilo Vidigal (Foto: Murillo Meirelles)

Não muito longe dali moram o diretor de criação Vassia Tolstoï, o Vavá, e sua mulher, a produtora Daniela, conde e condessa – ele francês e descendente direto do escritor russo Liev Tolstói e ela carioca da fina nata do Leblon. Estão há seis anos no Vidigal, depois de dez em Paris. “Aqui é uma vila, nossa casa não tem nem chave, o Dois Irmãos é o nosso muro e estamos dentro da floresta. Conviver com gente daqui é entender um Brasil verdadeiro”, conta Daniela.

O decorador e empresário gaúcho Jorge Nasi, amigo do casal, mudou-se para a comunidade na mesma época, vindo também da capital francesa. “Vim pela alegria, pela vizinhança, pela vista. Existe respeito”, diz. Jorge é dono do Favela Chic, em Paris e Londres, e, sem ironia do destino, escolheu o Vidigal para viver e fazer de seu canto a melhor tradução de um estilo que virou marca registrada de sua boate-maloca. “Reciclo. Até a geladeira e o fogão foram achados no lixo, as janelas e as portas, os azulejos e o sofá.Comprei só um bibelozinho”, brinca. A laje, com a cidade inteira a seus pés, ele transformou em varanda e minihorta suspensa com hortelã, babosa, boldo e alecrim que nascem em latas, penicos, orelhões e panelas velhas.

Estilo Vidigal (Foto: Murillo Meirelles)

Em seu lixo extraordinário, não à toa, podemos encontrar Vik Muniz no meio de uma tarde de primavera, amigo íntimo de Nasi e outro filho adotivo do velho Vidigal – um quase bairro nascido nos anos 1940 e hoje com15 mil habitantes. Vik decidiu criar no alto do morro uma “Bauhaus” carioca para crianças em fase de alfabetização. A Escola Vidigal de artes visuais e tecnologia já começa a ganhar forma, projeto bancado pelo artista plástico e concebido numa favela em São Paulo. “Não adianta vir para cá, dançar até de manhã e dizer: ‘estive na favela’. É importante ter troca, preservar os valores locais. Tem muita gente bacana aqui fazendo coisas incríveis. Podemos nos unir e fazer bons projetos.”

Quem também subiu o morro foi a francesa Nadine Gonzalez e a carioca “da gemme” Andrea Fasanello (filha do designer Ricardo Fasanello), criadoras da Casa Geração Vidigal, mix de galeria de arte e escola de moda, a primeira gratuita do país com alunos vindos de várias comunidades carentes da cidade. A turma já tem desenvolvido parcerias com marcas como Reserva, Oh, Boy! e Twins for Peace. Viraram mania as t-shirts inventadas pelo coletivo com slogans como “Never trust Leblon, believe in Vidigal” e “Forget Ipanema, enjoy Vidigal”. Suba o morro e escolha a sua camiseta.

Estilo Vidigal (Foto: Murillo Meirelles)

O MORRO DOS POINTS UIVANTES
Lugares essenciais para se relacionar com o Vidigal – e quase se sentir um local

HOTEL MIRANTE DO ARVRÃO - Albergue-boutique desenhado pelo arquiteto Hélio Pellegrino, com filial do “pé limpo” Belmonte, tem suítes para casais e quartos coletivos. O terraço proporciona uma das vistas mais deslumbrantes do Rio, e toda a casa é sustentável, com tratamento de esgoto, captação e reaproveitamento de água da chuva e painéis solares.

BAR DA LAJE - Projeto do arquiteto Mauricio Nobrega, é um mix de restaurante e hostel recém-inaugurado e desde já o novo hot spot da favela hype, com agenda cultural movimentada. A feijoada aos sábados é obrigatória, sempre acompanhada de roda de samba das três da tarde até o pôr do sol.

ATELIER CAFÉ - O bar de Sérgio Friedman vara a madrugada servindo caipirinhas na varanda sob as árvores. Toda sexta tem música ao vivo e nos primeiros sábados do mês feijoada poética: enquanto a turma se serve, poetas recitam seus trabalhos.Em um cabide, roupas de grife são vendidas a preços totalmente off. Av. Presidente João Goulart, 380, tel. (21) 7922-4476.

BARLACOBACO - O restô de Fábio Pimenta é pit stop certo no Vidigal. Famosíssimo na área, já ganhou menção em livro – o Guia Gastronômico das Favelas do Rio (ed. Abbas e Arte Ensaio). A rabada das quartas-feiras e a “peixoada” dos sábados são totalmente imperdíveis. Av. Presidente João Goulart, 538, tel. (21) 2422-6649.

* Matéria publicada em Casa Vogue #350 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)

Estilo Vidigal (Foto: Murillo Meirelles)

 

Estilo Vidigal (Foto: Murillo Meirelles)

 

Estilo Vidigal (Foto: Murillo Meirelles)

 

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