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São Paulo pintada

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A mobilidade urbana de São Paulo pede mudanças. As ciclovias implementadas pelo prefeito Fernando Haddad tem causado indignação e críticas por parte dos moradores da cidade, apesar de 80% dos paulistanos se dizerem favoráveis (pesquisa Datafolha de setembro).

Artur Casas: ciclofaixa (Foto: Fábio Arantes/Secom)

As maiores reclamações ocorrem pela maneira como foram implementadas, no improviso, sem questionar a circulação de idosos e cadeirantes, a carga e descarga de mercadorias, a retirada de vagas de estacionamento ou as falhas na “pintura” da cidade, como buracos, obstáculos e paradas de onibus.

Artur Casas: ciclofaixa (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

 

Artur Casas: ciclofaixa (Foto: Marcos Santos/USP Imagens)

Em Nova York, a secretária dos transportes, Janette Sadik-Khan, foi responsável por implementar 450 km de ciclovias em 5 anos – quase o mesmo número almejado por Haddad em São Paulo, que anuncia 400 km para seu mandato. Odiada pelos taxistas e amada pelos ciclistas e pedestres, Janette conseguiu provar em números que a aceitação da ciclovia é benéfica a todos.

Artur Casas: ciclofaixa (Foto: Reprodução)


Sadik-Khan é famosa por trabalhar com testes, primeiro utiliza meios mais baratos e improvisados para, depois, com análise extensiva dos resultados, optar por soluções permanentes.

Artur Casas: ciclofaixa (Foto: Reprodução)

Há sete anos, quando foram implementadas, o impacto das ciclovias foi similar ao de São Paulo, com saraivada de críticas e questionamentos. A secretária de transportes foi para as ruas verificar com os usuários onde e o que deveria ser melhorado. No decorrer desses sete anos, pautou-se pelos comentários dos usuários sobre cada trecho e, à medida que as críticas passavam a ser positivas, finalizava instalações com melhores acabamentos.

Já em São Paulo, o diálogo não foi o foco inicial: “Se fôssemos nos reunir e discutir com cada localidade, demoraríamos mais 30 anos para implementar as ciclovias e nesses 30 anos ficaríamos sofrendo pela falta de ação”, disse o diretor da CET, Tadeu Leite Duarte. “Tem que ser feito. Caso seja possível alguma adaptação, que se faça, mas, do contrário, vale o bem coletivo”, afirma Alexandre Delijaicov, arquiteto especialista em mobilidade, professor do Departamento de Projeto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP).

Concordo com ambos, São Paulo precisava urgentemente de ciclovias. Entretanto, assim como em Nova York, é necessário o aperfeiçoamento e o cuidado de verificar cada trecho levando em consideração a experiência dos usuários. Como sempre, iniciamos transformações com bastante improviso, ao menos ele nos levará a resultados concretos.

Artur Casas: ciclofaixa (Foto: Reprodução)

Se a prefeitura já deu o primeiro passo, ainda que com graves erros de planejamento, fica a indagação: como nós, cidadãos e morades dessa cidade, podemos ajudar a mudar de modo permanente as feições de nossa cidade, sem maquiagem?

 


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