Para quem vive em uma cidade com um ritmo alucinante como São Paulo, basta uma caminhada pelos calçadões do Rio de Janeiro, sob o sol vigoroso e a brisa tropical, para se sentir em outro mundo, para mudar “a frequência”. Se, para esse turista, a escolha do hotel for pautada por intensificar ainda mais essa sensação de relaxamento, e num lugar fora do comum, a experiência de um fim de semana ou uma temporada na Cidade Maravilha pode ganhar contornos singulares.
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Os grandes hotéis de redes consagradas continuam atraindo hordas de turistas ávidos por boa localização, serviços impecáveis e alvíssimos lençóis e toalhas substituídos a cada final da manhã. Mas, como fica quem está disposto a “algo a mais”? A Casa Mosquito é um hotel-boutique que existe há três anos e tinha apenas quatro quartos (seu nome vem de uma escultura de mosquito plantada no jardim). Inaugura, agora, cinco novas suítes em uma recente ala anexa à casa dos anos 1940, que, recuperada, deu origem a tudo. No total, foram investidos R$ 3,5 mi na concepção dos novos aposentos, que vêm coroar o sonho de uma dupla de franceses desgarrados que, cinco anos atrás, ancoraram no Rio.
“Não houve paixão à primeira vista pela cidade”, diz Benjamin Canos Planès, companheiro e sócio de Louis Planès. “Nos primeiros dias, achei tudo difícil, não via beleza. Mas bastou uma caminhada em Ipanema, junto à praia, para eu e Louis termos certeza: é aqui.” O desejo de mudança de país veio com a busca de um local para fundar um hotel. A casa onde foi instalado, rodeada de jardins verdejantes, fica em uma colina entre Copacabana e Ipanema, na rua Saint-Romain, marcada na primeira metade do século passado pelo surgimento de portentosos casarões. Mas a Saint-Romain esvaziou-se, nos anos 1970, com o processo de favelização da região – a rua é a porta de entrada para as comunidades de Pavão e Pavãozinho. Agora, volta a atrair a atenção de empreendedores, até porque tais favelas são consideradas pacificadas.
O que à primeira vista pode parecer extravagante e até amedrontador, na prática, se revela completamente diferente. Quem se hospeda na Casa Mosquito – até agora, estrangeiros, em sua maioria, um cenário que está em transformação, já que os brasileiros do Sul, do Sudeste e do Nordeste se aproximam – quer justamente aproveitar o lado cultural e a ginga de se estar a alguns metros da comunidade, com a opção de visitá-la ou não. Ainda, mesmo estando a cinco minutos a pé do zunzunzum da praia de Ipanema, poder mergulhar em um oásis de luxo cool e na medida.
As novas suítes, entre 30 m² e 62 m² (fora a varanda, entre 10 m² e 24 m², presente em todas elas), receberam nomes ligados ao Rio: Vinícius de Moraes, Machado de Assis, Carmen Miranda, Elis Regina e Guilherme Guinle. Os espaços têm cores deliciosas nas paredes, tão marcantes como elegantes – violeta, verde-malva, azul, dourado-caramelo e cinza –, escolhidas por dois apaixonados por décor, os próprios Benjamin e Louis (além do hotel, a dupla está à frente da imobiliária Rio Exception, que também desenvolve projetos de decoração).
O duo cuidou de cada detalhe dessas suítes, que exibem sólido ipê no piso e papéis de parede com motivos tropicais da inglesa Cole & Son, adquiridos na loja Poeira. A ideia foi utilizar mobiliário trazido de Paris e de garimpos realizados em São Paulo e no Rio, como na tradicional feira de sábado, da Praça XV, no centro da cidade. Móveis de Sergio Rodrigues harmonizam-se com peças 50´s de autoria anônima, tudo emoldurado por antigos quadros e cartografias, que levam certa intelectualidade aos ambientes. O toque minimal vem da ardósia brasileira, utilizada em grandes placas nas salas de banho com banheira e sofisticados metais da Hudson Reed. No restante da casa, ou melhor, do hotel, o clima é de... Casa. Um estar fluido e aconchegante, uma sala de jantar com cadeiras desemparelhadas, uma refrescante biblioteca com tecidos da extinta Again e dois lounges descolados convidam a se refestelar entre os tons claros e a brisa carioca.
Vá à praia. Volte após o pôr do sol para uma providencial soneca, sem pressa. Acorde quando tiver que acordar, tome um banho ultraespumante de banheira e vista-se para a noite no Rio. Não deixe de, na varanda com vista inebriante, perceber os acordes animados dos bailes que assolam os fins de semana nas favelas vizinhas. De alguma forma, contagiam... Suba até o terraço de 300 m² (as festas que estão sendo programadas para o fim de ano prometem), com piscina de luz colorida. A vista é panorâmica: Pão de Açúcar à esquerda, morro Dois Irmãos à direita e um oceano entre eles. Tudo a brilhar. E decida: aproveitar a vibração particular do hotel (ou da comunidade) ou cair na gandaia na Cidade Maravilhosa? Melhor ficar com os dois!
Casa Mosquito
Endereço: r. Saint-Romain, 222, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ
Contato: (21) 3586-5042 / 2523-1031
Diárias: a partir de R$ 1.150 (o casal, com café da manhã e frigobar free abastecido com água, refrigerantes e snacks)
*O jornalista hospedou-se a convite na Casa Mosquito.