A figura de um mictório foi transformada, pelas mãos do icônico Marcel Duchamp, em arte. Mas antes de chegar ao ponto de questionar a criação artística, o francês passou por uma longa escola: sua própria carreira. Surpreendentemente, o culpado por "matar a pintura" produziu – e muito – peças usando tinta e pincel. E é exatamente para iluminar essa faceta menos conhecida que o Centre Pompidou, em Paris, apresenta a exposição Marcel Duchamp. La peinture, même.
A mostra reúne mais de 100 obras para traçar uma linha do tempo no trabalho de Duchamp, que mostra referências surrealistas, simbolistas, expressionistas e cubistas, dentre outras características, levantando o debate sobre sua real intenção ao trazer à tona o conceito dadaísta do readymade, ou arte encontrada. Surge então a hipótese de que talvez ele quisesse, na verdade, reformular a maneira de se olhar para a pintura e não desmerecê-la, como normalmente é interpretado.
Peças como desenhos bem humorados e estudos pictográficos são colocados ao lado de outras como a "demasiadamente cubista" Nu descendant l'escalier (Nu descendo uma escada) e, ao mesmo tempo, comparadas com a criação de artistas como Edouard Manet e Odilon Redon. Tendo em vista todo esse panorama, Duchamp surpreende novamente, mesmo após tantas décadas.
Marcel Duchamp. La peinture, même
Data: até janeiro de 2015
Local: Centre Pompidou
Endereço: Rue Saint-Martin, 4e. Paris, França
Horário: Segunda, das 11h às 21h; de quarta a domingo, das 11h às 23h