Em uma visita ao ateliê de Alfredo Volpi, pouco antes da morte do pintor, no final dos anos 1980, a arquiteta Ana Maria Vieira Santos descobriu os vários tons de terra usados por ele em suas famosas têmperas. A lembrança veio à tona na finalização da casa de campo construída por ela e pelo filho, Fernando, na Quinta da Baroneza, condomínio de luxo no interior paulista. Foi do imenso jardim ao redor da residência em formato de “U” que veio a nuance de terracota a partir do qual se percebe a inspiração na região italiana da Toscana, combinada, ali, à atmosfera contemporânea. O resultado dessa mescla inclui janelas amplas emolduradas por ciprestes do lado de fora e ótimas sacadas nos ambientes internos, como a Jacuzzi escondida por um tatame com futon no piso do closet.
“O projeto era de um cliente, que desistiu da propriedade quando ainda estava na fase dos tijolos. Resolvemos assumir e mudei bastante a planta inicial, suavizando as referências regionais”, conta a arquiteta. Depois de pronta, há quatro anos, a casa de 1.200 m² recebeu atenção redobrada na decoração e ambientação externa. “Eu mesma planejei o jardim e escolhi as árvores e as flores, em tons que vão do branco ao bordô”, revela Ana Maria, que divide o lugar como refúgio nos finais de semana coma casa de praia em Iporanga, no litoral paulista. “Adoro o savoir-vivre campestre e a energia daqui é muito boa.”
Os amigos e a família estão sempre por perto. Para acomodá-los, são oito quartos temáticos – do floral ao amarelo. O living gigante, compartimentado em vários ambientes mais intimistas, convida a bate-papos animados, enquanto a sala de jantar acomoda 20 lugares distribuídos em duas mesas desenhadas pela anfitriã. Itens de família ou garimpados na feira Maison & Objet, em Paris, e no seu Empório Vieira Santos, em São Paulo, completam o décor. A cava, o lavabo e o home theater com degraus e tela ampla, espécie de cineminha deluxe, dão suporte a esses encontros. O freijó lavado aparece no revestimento das paredes ao lado das pedras moledo, acentuando a atmosfera rústica da casa.
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Integrado por paredes de vidro, o terraço em “L” salpicado de potes chineses abraça a casa, oferecendo novos espaços de convívio social, como salas outdoor de café da manhã e de estar, esta última repleta de almofadas. Um espelho-d’água com carpas conecta a construção a um delicioso pergolado, que tem ao centro uma mesa de madeira de demolição, transformada em canteiro para um exuberante pé de lavanda ali plantado. Em outro espaço semelhante, o destaque é a cozinha gourmet com churrasqueira e área para almoço com cortina verde.
A piscina com borda infinita beijando o campo de golfe é cenário que encanta. “As crianças adoram brincar na água, mesmo quando está frio”, diz Ana Maria. A propriedade, que soma 7 mil m², também fez a arquiteta resgatar a infância na fazenda do avô. “Montava quando era pequena e retomei a paixão por cavalos”, diz. No ano passado, ela comprou um lusitano, batizado de Enrico pela neta, Nina, de 6 anos, e cavalgar tem sido um dos seus prazeres na Quinta. O próximo passo é preparar a casa para o casamento do filho, no ano que vem. “Ele mora em Nova York e queremos fazer a cerimônia e a recepção aqui”, adianta. A porção toscana do refúgio vai fortalecer o clima de romance.
* Matéria publicada em Casa Vogue #351 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)