Se essa casa mudou pouco desde os anos 1970, o mesmo não aconteceu à família que a habita. O casal de proprietários viu os filhos crescerem e saírem do ninho. Agora, voltam para visitas com cônjuges e amigos. O lar de 600 m² na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, precisava de uma transformação.
Acionada, a arquiteta Vera Rebello criou espaços mais amplos e integrados para abrigar quem ela define como "a população que orbita o lugar durante a semana", mas não vive por ali de segunda a sexta.
Trocar os revestimentos foi o primeiro passo. "A casa era muito marrom, com lajotas no piso e o forro em tons de madeira natural", lembra Vera. As cores escondiam o tesouro da construção: as esquadrias de pinho de riga, madeira rara, encontrada apenas em demolições.
A sala recebeu portas de vidro voltadas para o jardim e tinta branca nos lambris (madeira do forro). A composição mais iluminada destacou a madeira e valorizou o pé-direito de 5 m. Os sofás claros da Empório Beraldin e as poltronas azuis da Artefacto trouxeram ainda mais leveza ao décor. Sobre a pedra mineira, o tapete Avanti cria aconchego rústico.
A cozinha perdeu divisórias e ganhou uma ilha – onde o marido se diverte durante o final de semana. O ambiente tem materiais modernos: porcelanato, vidro nas janelas basculantes e eletrodomésticos de aço inox. Os móveis, da Favo, são brancos e discretos. Esse conjunto também ressalta o pinho tradicional.
O mezanino era especialmente escuro, por conta do teto baixo e anguloso e do assoalho desgastado de madeira. O telhado foi pintado de branco, mas teve as dobras mantidas na cor original. Dessa maneira se nota o dinamismo da estrutura. Já o piso foi raspado e revestido de sinteco, o que trouxe de volta o tom original.
O arranjo do mobiliário cria uma atmosfera íntima. O ambiente ganhou tapetes brancos, pufes de couro fazendo as vezes de mesa de centro e uma mesa de jogos, cercada pelas cadeiras B34, desenhadas por Marcel Breuer. Dos assentos é possível observar a sala logo abaixo.
O quarto do filho solteiro foi decorado em tom sobre tom. O azul marca o painel de gesso acartonado e a bancada de laca, que formam uma cabeceira utilitária. Cliques de Daniel Gurjão trazem as belezas do Rio para o interior.