Sem medo de errar, Massimo Iosa Ghini, arquiteto e designer, optou por ser seu próprio cliente. ”A casa de um designer é sempre um instrumento de representação que propicia terreno para alguma experimentação”, diz. De fato, quando se olham as fotos da morada de Ghini, percebe-se que o lugar tem algo a dizer.
O profissional criou para si um espaço que utiliza tanto como lar quanto como estúdio de trabalho e showroom. Para isso, se propôs a reformar um edifício de 600 m², erguido no século passado, em Bolonha, Norte da Itália. O arquiteto apostou na mudança qualitativa, não na alteração desmedida da arquitetura. Ele apenas deu novo dinamismo à estrutura existente.
Em termos conceituais, o que moveu o projeto foi a vontade de criar uma obra financeiramente sustentável. Ou seja, equilibrar investimento e consumo, sem perder em estética. Assim, não se abriu mão, por exemplo, dos acabamentos de alto padrão ou do conforto, mas não há neste lar ostentação. Do mesmo modo, durante a obra, não houve desperdício.
No âmbito arquitetônico, a reforma tratou de redesenhar a fachada sul – ou, em termos mais técnicos, a face que mais recebe luz natural e, assim, é capaz de aproveitar melhor a energia solar. A parede que ficava ali foi demolida. Em seu lugar foi instalada uma tela onde se prendem plantas, que protegem o interior no verão e garantem a captação de energia no inverno.
Para o projeto de interiores Ghini desenhou peças únicas. Móveis assinados por ele compõem a decoração da academia, do estar e do estúdio/showroom. Mas há espaço, claro, para itens dos grandes mestres do design, em especial italianos. Impossível não notar a estante Carlton, de Ettore Sottsass, destaque absoluto do estar, por exemplo.
Atualmente, algumas das peças criadas especialmente para essa casa entraram em produção fabril, para também habitarem outras moradas.