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Cem anos de arte abstrata geométrica

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Little Black Paint (Foto: divulgação)

“A arte construtivista não decora, ela organiza a vida”, declarou o russo El Lissitzky. A ideia era negar a ordem existente, já que a nova arte não tinha a intenção de ser apenas esteticamente agradável, mas, em vez disso, propor formas diferentes de vida. E é este o norte da curadoria de Adventures of the Black Square: Abstract Art and Society 1915-2015, em cartaz na Whitechapel Gallery, em Londres, até 6 de abril: analisar todo tipo de abstração geométrica que teve como objetivo transformar a sociedade, ou que, no mínimo, era alimentada pela possibilidade de revolução. 

“A exposição marca os cem anos da radical série de pinturas Black Square, de Kazimir Malevich, presente na mostra The Last Futurist Exhibition of Paintings: 0.10, em 1915. Assim como a arte construtivista, que nasceria em seguida, e todos os movimentos avant-garde da Rússia, Europa, Américas e Ásia que evoluíram a partir desse novo conceito, como a arte concreta brasileira [Lygia Clark, Hélio Oiticica e Ivan Serpa estão na mostra]”, diz o curador Magnus af Petersens.

Little Black Paint (Foto: divulgação)

Mas o que era esta “nova arte” tão revolucionária? Naquele mesmo ano, Malevich escrevia o manifesto  Do cubismo ao suprematismo, no qual defendia a preeminência do “puro sentimento”, rompendo com a ideia de imitação da natureza ou com qualquer referência ao mundo objetivo. Baseado em teorias do matemático P.D. Ouspensky, ele sugere, ainda, a existência de uma quarta dimensão. O suprematismo representaria essa realidade, esse “mundo não objetivo”, de linguagem universal e igualitária. 

Dividida em quatro módulos – UtopiaArchitectonics, Communication e The Everyday –, a mostra também discute a negação da arte como um elemento separado do nosso cotidiano (proposta do construtivismo), o que levaria a desdobramentos na arquitetura e no design. Vale conferir o mosaico que Theo van Doesburg, do grupo De Stijl, desenhou para o Cafe Aubette, em Strasbourg, e as fotografias de Lewis Baltz. E, se cor e forma puras ofereceram uma linguagem universal que poderia transcender classe e nacionalidade para a comunicação de uma inédita ordem social, torres de rádio, câmeras e fios de telégrafo se tornaram assunto frequente – repare nos desenhos de Gustav Klutsis e nas fotos de Aleksandr Rodchenko.

Little Black Paint (Foto: divulgação)

Mas não pense que a exposição só tem “velharias” e obras óbvias. O vídeo Beijing, de Sarah Morris, não apresenta suas famosas geometrias coloridas, mas um retrato de um Estado autoritário quando o comitê das Olimpíadas estava na China: a ênfase é menos sobre a estética pura, e mais na sociedade. Procure ainda por obras de Jenny Holzer, Rosemarie Trockel, Gabriel Orozco e Andrea Zittel.

Estética ou ideologia, o diálogo aparece em diferentes formas. A verdade é que o mundo mudou nos últimos cem anos e, com ele, as razões dos artistas para produzir e estudar a arte geométrica. Em tempos de vida virtual crescente, Peter Halley anunciou: “A arte abstrata é simplesmente um reflexo de um mundo abstrato”.

Adventures of the Black Square: Abstract Art and Society 1915–2015
Data: até 6 de abril
Local: Whitechapel Gallery
Endereço: 77-82 Whitechapel High St London E1 7QX
Horários: de terça a quarta e de sexta a domingo, das 11 h às 18 h; quintas, das 11 h às 21 h

Little Black Paint (Foto: divulgação)

 

Little Black Paint (Foto: divulgação)

 

Little Black Paint (Foto: divulgação)

 

Little Black Paint (Foto: divulgação)

 


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