As ruínas do maior cinema construído fora do Estados Unidos foram o ponto de partida para este hotel londrino que têm mais de 310 quartos. O Dorsett Shepherd's Bush também conta com café, restaurante, bar, espaço para conferências e - a cereja do bolo - um rooftop spa. O estilo de todos os espaços teve a influência do movimento art déco, que estava em voga quando o espaço foi construído, em 1923.
A construção do cinema faz parte da designação Grade II, um título para edificações que são consideradas de importância histórica pelas secretarias de cultura inglesas. Seu projeto inicial foi feito pelo arquiteto Frank Verity, personalidade de destaque na construção de cinemas, especialmente quando a salas tiveram um boom de crescimento durante o período entreguerras.
O espaço foi inaugurado na mesma data em que ganhou o RIBA London Street Architcture Award pela melhor fachada, feita de pedra e tijolos. O interior do projeto original era clássico e utilizava cobre em três tons, além de ter lugares para 3 mil espectadores e cerca de 3.200 m de carpete.
Localizado entre o Shepherds Bush Empire e o Shepherds Bush Palladium, o espaço contribuiu para a região oeste londrina se tornar um dos principais destinos turísticos da capital - até ser profundamente danificado durante a Segunda Guerra Mundial. A construção foi mal reparada e tornou-se um bingo em 1983. Em 2001 o lugar entrou em total decadência (chegou a ser palco de raves ilegais) e fechou suas portas durante as próximas décadas. Apenas em 2009 o escritório Flanagan Lawrence Architects teve permissão para converter o espaço em hotel.
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Os arquitetos decidiram manter a fachada original, curva e de tijolos, e recriaram a cobertura utilizando materiais modernos, como vidros espelhados. O piso do hotel é uma mescla de limestone com latão, que, na recepção principal, é composto em linhas circulares.
Seu interior mantém o aspecto teatral: o domo, finalizado em uma cor dourada, fica iluminado durante a noite. No lobby, as curvas e arcos do exterior são reproduzidos como grossas colunas pretas polidas. Não se tem dúvidas sobre o ponto que mais atrai a atenção no edifício: é um altíssimo átrio, localizado bem no centro da construção. Para valorizar sua imponente aparência, espaços que parecem varandas ou passagens terminam em perspectiva curva - mas são apenas painéis de limestone e latão.
Hoje, além de turistas, o hotel recebe muitos visitantes apaixonados por cinema, que dormem sonhando com um dos projetos mais ambiciosos da história: um cinema onde os filmes não eram acompanhados apenas por um piano (como mandava a tradição), mas sim com a Pavilion Symponhy Orchestra tocando ao fundo.