Corria o distante ano de 1884 em Portugal, quando o artista lusitano Rafael Bordallo Pinheiro teve a ideia de iniciar a Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha. Seu objetivo era revitalizar as artes tradicionais da cerâmica, cruzando-as com diversos estilos, ditos então, modernos. Assim, nasciam peças que se tornariam icônicas em sua pátria pela criatividade e pelo humor, além de serem marcadas pela consciência social e pela transgressão das ideias feitas. A fábrica, hoje renomeada para Bordallo Pinheiro, tornou-se uma referência no universo da arte.
Do outro lado do oceano, em terras brasileiras, uma mostra busca estreitar os laços de aquém e além-mar, homenageando este mestre. Trata-se da BB – Bordallianos do Brasil, que chega amanhã a São Paulo, depois de ter passado por Belo Horizonte e Rio de Janeiro. A exposição, com 20 obras individuais de artistas nacionais, estará montada na Firma Casa.
As releituras do legado de Bordallo foram criadas depois de uma temporada de imersão. Para melhor se conectarem ao tema e entenderem as técnicas por trás das peças, os artistas residiram durante vinte dias na fábrica, em Caldas da Rainha. Cada obra tem apenas 250 reproduções numeradas.
Chicô Gouvea é quem fez a curadoria dos trabalhos desenvolvidas por Vik Muniz, Tunga, Regina Silveira, Maria Lynch, Isabela Capeto, Adriana Barreto, Barrão, Caetano de Almeida, Efrain de Almeida, Estela Sokol, Erika Versutti, Fábio Carvalho, Frida Baranek, Laerte Ramos, Marcos Chaves, Martha Medeiros, Saint Clair Cemin, Sérgio Romagnolo, Tiago Carneiro da Cunha e Tonico Auad.
Outras peças integram a mostra. Trata-se da coleção 7 Bordallianos, composta por criações de Bela Silva, Catarina Pestana, Elsa Rebelo, Fernando Brízio, Joana Vasconcelos, Suzanne Henrique Cayatte, Suzanne Themlitz – todos estes artistas portugueses.
“Rafael Bordallo Pinheiro tinha uma ligação ímpar com o Brasil, onde viveu vários anos antes de criar sua fábrica. Sentimos, ao lançar o convite para estes 20 artistas brasileiros, que este seria, indiscutivelmente, um projeto com o qual Rafael se identificaria, uma vez que a admiração do fundador ao Brasil era muito forte”, explica Nuno Barra, diretor de marketing da fábrica, que hoje pertence ao Grupo Vista Alegre Atlantis.
Entre as obras já conhecidas de Rafael Bordallo Pinheiro, destaca-se a Jarra de Beethoven, imponente peça de 2,6 metros de altura, oferecida, em 1899, ao então presidente do Brasil, Marechal Deodoro da Fonseca, e hoje exposta no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
BB – Bordallianos do Brasil
Local: Firma Casa
Endereço: Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1487 – São Paulo
Data: de 14 de agosto a 14 de setembro