Até poucos anos atrás, viver em Nova York significava morar na ilha de Manhattan. Distritos como o Brooklyn, que hoje detém uma boa porcentagem da população hype da cidade, eram vistos como distantes demais do lugar onde tudo acontece. Reno Dakota, um designer de interiores responsável por criar a ambientação de grandes casas noturnas da ilha, era uma dessas pessoas. Desde que se mudou de Ohio para a Big Apple, em 1982, insistia em ser um Lower East Sider e viver em um apartamento no East Village.
Mas tal determinação acabou em 2004, quando ele seu marido, o designer de roupas esportivas Kei Yip, resolveram se mudar. Graças às reviravoltas que o mercado imobiliário passava na época, acabaram adquirindo, no bairro de Bedford-Stuyvesant, no Brooklyn, uma brownstone do século 19 que haviam declinado à primeira vista. Mal sabiam eles que, junto à mudança de opinião quanto à região e os US$ 545 mil que desembolsaram, outras novidades surgiriam.
O casal passou, então, sete anos reformando, de cômodo a cômodo, a construção vitoriana. Na verdade, o termo restauração seria mais adequado. Os dois viraram verdadeiros especialistas no período arquitetônico. Os outros US$ 150 mil investidos foram se transformando em novos revestimentos de madeira – que naturalmente pediam papel de parede em todos os espaços –, móveis vintage com o estilo da época e muitos, mas muitos objetos decorativos que transformaram a propriedade decadente em um exemplar de época congelado no tempo.
Dentre a coleção de paisagens oitocentistas, vasos, bandejas, cortinas, luminárias, candelabros, xícaras e toda uma parafernália com rigor histórico, apenas um painel com um rosto de palhaço no teto do hall de entrada destoa: uma memória dos tempos em que Mr. Dakota dava vida às baladas de Nova York.
A imersão no mundo vitoriano foi tão grande e inspiradora que ele decidiu entrar no mercado de restauração de ambientes de outras épocas e criou uma campanha para transformar o bairro em um distrito tombado. Outra grande mudança diz respeito aos hábitos do casal: eles viraram verdadeiros cidadãos do Brooklyn e raramente visitam Manhattan.