A alemã Elisa Strozyk surpreendeu o mercado ao atribuir propriedade têxtil à madeira em uma das primeiras linhas de mobiliário que criou: a Wooden Textiles. A jovem aplicou conhecimentos adquiridos no curso de Design Têxtil para realizar algo improvável: conferir maleabilidade a uma matéria-prima sólida, no caso a madeira. Recentemente, à convite do estúdio Gustav van Treeck, Elisa recorreu novamente às técnicas de tecelagem - dessa vez para trabalhar com o vidro. O material sólido ganhou maleabilidade para dar luz à sua recém-lançada coleção Woven-Glass. Confira a entrevista com a designer a seguir.
Pode nos contar um pouco sobre as luminárias da Woven-Glass, como surgiu a ideia e quais foram as principais inspirações?
O projeto foi idealizado pelo estúdio Gustav van Treeck, de Munique. Diferentes designers foram convidados para estudar a tradição da pintura no vidro e possibilidades modernas que tal material permite. Como a meu background é o design têxtil, eu quis combinar vidro e técnicas têxteis. Outro ponto importante pra mim foi brincar com as cores e a transparência do material, combinadas com a luz para criar texturas na superfície.
Quais foram os principais desafios que enfrentou durante o processo de criação da linha?
A tecelagem requer materiais flexíveis, como fios que podem ser dobrados facilmente. Para alcançar o mesmo efeito, as tiras de vidro devem ser pré-moldadas no forno. Em temperaturas altas, o material fica mole e expande, mas cada um de uma forma diferente, por isso, o maior desafio foi encontrar a temperatura e o tempo ideal para dominar essa moldagem.
Quais técnicas você usou? Podemos dizer que as peças são 100% feitas à mão?
Sim. O primeiro passo foi cortar o vidro em fitas, depois, as fitas foram para o forno para adquirir esse “formato ondulado”, para formar segmentos que podem ser entrelaçados uns com os outros: a parte de um para cima e a de outro para baixo, sucessivamente. O entrelaçado foi organizado para formar diferentes padronagens de cor. Por fim, as peças são esquentadas novamente e cortadas em formatos ovais. Sua moldura de bronze também foi produzida à mão.
Mais uma vez você aproximou um material sólido do universo têxtil, certo? Como já tinha feito com a madeira.
Sim, isso é verdade. Gosto de brincar com as expectativas que temos para os materiais e de misturar técnicas e categorias. O processo de tecer permite uma mistura de cores e de diferentes padronagens, além de uma brincadeira com a transparência. Diferentes tons se sobrepõem e se misture sob a influência da luz.
Onde as peças serão exibidas e vendidas?
As peças já foram expostas na galeria do estúdio Gustav van Treeck. Elas estão sendo vendidas em edição limitada de 10 peças para cada modelo. Os preços variam entre € 1.800 e € 3.400.
Você já esteve no Brasil? Conhece ou admira algum designer brasileiro?
Estive no país um tempo atrás, achei tudo muito envolvente, colorido e com uma energia muito boa. Gosto bastante do trabalho dos Irmãos Campana e sei que o Brasil é a casa de muitos jovens talentos.