O estúdio de design Unknown Fields Division teve uma ideia inusitada: utilizar lama de um lago tóxico da Mongólia para criar uma pequena coleção de vasos. Junto com o fotógrafo Toby Smith, a turma rastreou e documentou a trajetória de gadgets e os materiais utilizados em sua produção, chegando em seu destino final: um lago tóxico.
A investigação os levou até Baotou, uma cidade industrial no limite do deserto Gobi, no norte da China, onde encontraram um oceano de lama preta, bombeado de uma refinaria que processa os metais vindos de minas próximas. "Grandes áreas mundiais se transformaram para servir de espaço para esses descartes. Nossos vasos tem a intenção de tornar essa relação mais visível", conta Young.
Após coletar amostras da lama, que apresentou três vezes mais do que o nível normal de radiação, eles levaram o conteúdo para seu estúdio em Londres. A turma realizou estudos e calculou a quantidade de descartes causados pela produção de um celular, um laptop e uma bateria de carro e utilizou os números para criar, em colaboração com o ceramista Kevin Callaghan, vasos no mesmo formato dos da dinastia Ming.
"Os vasos são uma forma de falar sobre ideias de luxo e consumo", conta Davies. "Materiais raros, vindos da natureza, são alguns dos itens fundamentais dos eletrônicos contemporâneos", conta Young. "Por exemplo, um smartphone tem cerca de oito desses diferentes compostos, que são utilizados de formas mais requintadas, como para formar os pixels de uma imagem, ou de forma mais robusta, como dar brilho ao vidro."
Todos que entraram em contato com o material, da fonte até a instalação onde estão sendo exibidos, no museu Victoria and Albert, na exposição "What is luxury", tiveram que usar equipamentos de proteção. Confira abaixo o vídeo que documentou o processo.