Segurança e proximidade do trabalho são duas questões absolutamente atuais quando se trata de escolher um lugar para morar. Contemplar ambas e ainda dar um jeito de admirar a natureza ao fazê-lo foi o que levou o produtor de eventos, que ocupava um apartamento no centro de Curitiba, a optar por um terreno no Condomínio Quinta das Pedras, no bairro Pilarzinho. “Estou a dez minutos da cidade, mas vivo imerso na natureza e com a segurança de um apartamento”, sintetiza ele. O projeto de sua residência de 350 m² começou por aí: o apreço do proprietário pelo lugar. “Morar com uma pedreira dentro de casa, para quem sempre viveu em edifício, era, no mínimo, uma grande experiência, um exercício de contemplação.”
A fim de tornar seus desejos realidade, ele chamou o amigo e arquiteto Jayme Bernardo, que projetou uma morada descomplicada, assim como seu estilo de vida. Para o terreno úmido – daí a elevação da residência em relação ao nível da rua –, com uma rocha imponente e aclive acentuado numa lateral, Jayme concebeu uma arquitetura minimalista, de caráter monolítico, capaz de aproveitar os aspectos naturais do lote. Dessa forma, nasceu a ideia de usar o material vindo da própria pedreira ao lado para levantar os muros do pavimento da garagem, um verdadeiro patchwork de pedras. Dividida em dois andares, a construção é bastante voltada para o exterior. O pavimento de baixo é composto por estar, jantar e cozinha –todos integrados –, além de área de serviço e lavabo.
O living se abre totalmente aos exteriores graças a grandes panos de vidro de 18 m de largura em forma de portas de correr, que o separam do deque, piscina e jardim. “O reflexo da paisagem através de espelhos em toda a ala social duplica a sensação de liberdade que se pretende com a forma gerada na arquitetura”, afirma Jayme. No piso superior fica o setor íntimo, com uma suíte de visitas e outra suíte máster com sala íntima, quarto, closet e banheiro. O melhor: os ambientes dessa área também têm saída para um corredor externo, uma pequena varanda, que reafirma a premissa do projeto de encher a residência de luz natural o máximo possível. “Queria uma casa que satisfizesse o meu dia a dia prático. Saio cedo e volto à noite, e costumo receber muitos amigos e clientes aqui”, diz o proprietário.
Para o arquiteto, sua obra se volta à paisagem numa relação de equilíbrio e proporção milimetricamente estudada para que tudo se mostre agradável aos olhos. Assim, o paisagismo de Denis Ricca, do escritório de Marco Soarez, aparece de maneira sutil, valorizando a natureza presente, sem nunca competir com ela. Cores escassas, com nuances de cinza, preto e grafite, móveis do acervo do morador e poucas e boas peças criam uma ambientação pouco óbvia. Como admirador de design, o produtor de eventos selecionou itens que levam a assinatura de Oscar Niemeyer e do próprio Jayme Bernardo, além de algumas obras de arte, como as de Paolo Ridolfi, para compor um décor cuja marca principal é uma elegante simplicidade.
*Matéria publicada em Casa Vogue #357 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)