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Como usar o bege com alegria no décor

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  (Foto: Ricardo Labougle)

“É um prédio baixinho, de dois andares, bem antigo!”. Assim, com bastante ênfase nas características da construção, o designer de interiores Gabriel Valdivieso descreve o local onde mora. Chegando ao endereço, no bairro paulistano de Pinheiros, foi fácil entender a razão de tanto orgulho: o edifício é uma joia, uma verdadeira pérola art déco, impecavelmente conservada. Tamanho charme acabou por influenciar Gabriel, que levou a classe do predinho para o interior do apartamento.

Ao decidir deixar o moderno e portentoso edifício Copan, de onde ouvia todo o agito do centro de São Paulo, o designer buscava um contraponto. “Queria serenidade e aconchego. Este ambiente é mais conservador”, diz ele. Mas nem tanto assim, frise-se: o imóvel de pé-direito alto e austero, com um par de belos janelões no living, foi premiado com um décor refinado, porém acrescido da sofisticada irreverência e do humor do dono.

Jean-Michel Frank, ícone da decoração francesa, morto em 1941, foi uma inspiração para o projeto. “Adoro o jeito com que ele usava pouca cor e paredes muito limpas”, afirma Gabriel, que optou por um apartamento monocromático, onde praticamente tudo é bege – paredes, sofás, cadeiras, mesas de centro, tapete, cortinas, luminárias... “É a cor do algodão, do linho”, justifica ele, que sentia necessidade de ter a natureza mais perto. Daí também a presença da madeira, clara, e de matérias-primas naturais, como atestam a luminária de papel de arroz assinada por Isamu Noguchi, a coleção de conchas e os potinhos de barro artesanais escolhidos para a ambientação.

  (Foto: Ricardo Labougle)

Bege não é exatamente “a” cor de Gabriel; o aceso tangerina talvez o representasse melhor. Essa sua faceta vibrante comparece em alguns inusitados objetos. Um dos mais vistosos fica exposto sobre a lareira, na sala de estar: o cocar que adorna o sóbrio busto de bronze do seu avô. Gabriel conseguiu o adereço numa barganha, após oito horas de viagem de bote pelo Acre. “O índio olhou para o meu casaco, eu olhei para o cocar dele e a gente se entendeu”, conta, rindo.

Sua fascinação pela flora e pela fauna explica as referências, na maioria lúdicas, dispostas aqui e ali: uma cabeça de alce, um fragmento de árvore, um pato de cerâmica e um enorme cachorro de papel machê. Mas, apesar do gosto por bichos e plantas, as lembranças da infância e da família são imperativas, como revela uma cadeira que Gabriel mantém no quarto. Seu avô (o mesmo do busto) foi advogado da viscondessa de Nova Granada, que, ao morrer, deixou para ele um lote das peças. Os móveis se pulverizaram entre os parentes: a casa da mãe no campo, na cidade, a morada dos tios, a da irmã... “Todos na família têm uma cadeira da viscondessa. Essa vai comigo para o resto da vida”, garante Gabriel. Seu apartamento reflete um estilo pessoal e intransferível determinado pelo sentido que os objetos possuem perante os olhos e o coração do morador.

* Matéria publicada em Casa Vogue #336 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

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