David Guttenfelder é um dos poucos jornalistas ocidentais que conseguiu entrar na Coreia do Norte. Ele acredita que a fotografia pode abrir uma janela para um país tão fechado como aquele. E em uma recente viagem, ele conseguiu mostrar raras imagens dessa sociedade fechada. "Provavelmente não há um lugar melhor para testar o poder da fotografia e fotojornalismo do que um lugar que nunca foi realmente permitido fotografia ou estrangeiros lá", disse. E completa: "Nós não sabemos muito sobre a Coreia do Norte porque não foi fotografada por 60 e poucos anos. As únicas imagens que vamos ver foram distribuídas pelo Estado como propaganda. Ir até lá é uma oportunidade e responsabilidade raras”.
Guttenfelder, que deixou o serviço de notícias no ano passado e agora é fotógrafo da National Geographic, tinha ido à Coréia do Norte para uma missão de seis dias para o The New York Times. Inicialmente iria fotografar uma viagem de ativistas pela paz que fariam uma reunião com mulheres sul-coreanas e norte-coreanas. Mas, lá ele encontrou tempo para documentar momentos diários.
Em um lugar misterioso como a Coreia do Norte, qualquer imagem não produzida pelo estado é uma revelação. Guttenfelder disse que sentiu que era sua responsabilidade mostrar ao mundo aquela realidade. "É um lugar incrível para trabalhar como fotógrafo", disse ele. "Qualquer coisa que eu fotografar tem valor de notícia porque nós não sabemos como são esses lugares. Cada imagem se parece com um pedaço de um quebra-cabeça e a soma das partes revela alguma coisa".
Sua primeira viagem à Coreia do Norte foi em 2000, quando acompanhou a então secretária de Estado Madeleine K. Albright em uma visita a Pyongyang. Naquela época, o governo comunista deu um novo significado ao conceito de uma sociedade fechada: as janelas em seu ônibus foram cobertas com cortinas e foi-lhe dito para não fotografar nada. Até mesmo as janelas do hotel dele foram cobertas. "Eu não conseguia ver do lado de fora", disse ele. "Tive a sensação de que a Coreia do Norte não era real. Que era uma fachada. Isso é o que a maioria das pessoas ainda pensa sobre o país.” Dessa vez foi diferente.