Para a maioria dos adultos, voltar a morar com a mãe poderia ser sinal de má sorte. Mas para Rudy Weissenberg e Rodman Primack. empreendedores itinerantes da área de design, foi uma maneira de retomar a vida em família e criar raízes em um local que amam. Ao longo dos últimos 17 anos, conforme suas carreiras os levaram a cidades como Londres, Los Angeles, Nova York e Miami, onde Primack assumiu o cargo de diretor geral do Design Miami, eles nunca conseguiram se fixar em um lugar. Mas isso começou a mudar há alguns anos, quando Weissenberg passou a ir regularmente para a Cidade da Guatemala a fim de conduzir os negócios da família e considerou, então, se estabelecer em sua cidade natal.
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Após uma busca infrutífera por uma casa que atendesse às suas exigências, o casal percebeu que a melhor opção era simplesmente reformar uma ala pouco utilizada da residência onde Weissenberg cresceu. A mãe dele ficou encantada com a decisão. Porém, o filho lhe colocou uma condição: “Que ela sempre batesse antes de entrar – ou nada feito”. Um tour pela morada mostra o quanto a transformação foi radical.
Esta costumava ser nossa sala de jogos”, diz Weissenberg a respeito do salão amplo e aberto, com pé-direito de 5,5 m, onde foi instalada a cozinha e a sala de estar. A sala de jantar anteriormente abrigava uma banheira de hidromassagem e a sauna, e o quarto do casal já foi habitado pelo irmão do proprietário. Apesar da coleção de design contemporâneo e vintage da dupla, a residência tem um ar tipicamente guatemalteco.
Em meio a um sofá de Johann Wolfschoon para a Sketch, cadeiras de Charlotte Perriand e peças de galerias de todo o mundo, destacam-se viçosas plantas tropicais, cerâmica maia, acessórios têxteis da América Central e armários de madeira guanacaste, típica da Costa Rica. Durante os dez meses da reforma, Rudy passou a explorar a cena artística local e decidiu abrir espaço para trabalhos de artistas emergentes.
“Algumas propostas são provocativas demais para grande parte das pessoas daqui”, conta ele. No corredor que liga ao lado da casa ocupado pelo casal como restante, há uma obra de Walterio Iraheta – uma parede pintada com um texto em que se lê “Superputa”. “Minha mãe ficou horrorizada.”
Embora ele não tenha formação em design (trabalhava com commodities e foi produtor de TV), ao longo dos anos acumulou experiência em curadoria de projetos nessa área. Rodman, além do Design Miami, comanda duas empresas,uma de design de interiores e outra de tecidos, e tem atividades centralizadas em New York e Miami. “Por que escolher um único lugar, se não é preciso?”, diz Weissenberg a respeito da opção do casal de se dividir entre essas localidades e a Cidade da Guatemala. Eles acham que foi a estabilidade de seu relacionamento que lhes permitiu harmonizar esse amplo espectro de interesses.
Para o guatemalteco, o retorno à morada de sua infância foi uma forma de conectar a vida que deixou há 22 anos à que construiu com Primack. A iniciativa uniu suas famílias de forma inusitada: em visita ao casal, a mãe de Primack se encantou com a casa e resolveu também procurar um lar na Cidade da Guatemala. A reação da sra. Weissenberg foi tipicamente materna. “O coração cresce”, diz ela, sorrindo.