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A mais democrática das avenidas

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Coluna Arthur Casas (Foto: Divulgação)

“Será Avenida Paulista, em homenagem aos paulistas”, já disse Joaquim Eugênio de Lima no dia de sua inauguração. Desde 1891, essa frase vem sendo comprovada. O local tornou-se o palco onde os habitantes de São Paulo se reúnem para grandes eventos como o famoso réveillon, a parada LGBT, a maratona, as grandes manifestações políticas entre outras ações.

Elaborada no final do século 19, a Avenida Paulista era para ser um novo local de moradia aos que não queriam viver no agitado centro da cidade ou não possuíam recursos para morar nos famosos bairros do Higienópolis, Campos Elísios e a região da Praça da República. Pouco após sua inauguração, e com a chegada do automóvel, aos domingos as pessoas desfilavam seus carros pelos seus 2,7 km de extensão como forma de passeio em família.

Mas os anos se passaram e a singela avenida foi ganhando forma, assim como a cidade de São Paulo. Já em meados dos anos 60 e 70, suas enormes propriedades deram lugar aos novos “donos”, grandes edifícios comerciais que trouxeram consigo uma nova cara para o local, além de metrô, alargamento das vias e os famosos calçadões que formam um mosaico de pedras portuguesas pretas e brancas.

Coluna Arthur Casas (Foto: Divulgação)



Anos mais tarde a prefeitura limitou os eventos que poderiam fechar a avenida. Foi assim que muitos dos grandes acontecimentos mudaram de local e perderam suas características, pois não há nada como fechar a avenida mais movimentada da cidade e seu coração financeiro para expor sua liberdade.

Ficaram permitidos apenas a corrida de São Silvestre, o réveillon no dia 31 de dezembro e a Parada LGBT. Já as manifestações políticas não são passíveis de fechamento da avenida por parte da prefeitura, mas sim pela polícia como forma de segurança. Hoje, este se tornou o tema mais frequente dos “eventos” que acontecem na Paulista, o local porta voz de insatisfações políticas.

Coluna Arthur Casas (Foto: Divulgação)

Estamos em um momento no qual a população quer voltar a sentir a cidade, vivê-la plenamente não só de segunda a sexta feira, mas também aos sábados e domingos. Com isso, a prefeitura da capital criou a ciclofaixa onde uma das vias para os carros era fechada aos domingos e feriados para quem quisesse passear de bike pelo cartão postal paulista.

Como a aceitação e adesão da causa foi maior que o esperado, a prefeitura passou a analisar planos para a construção efetiva de uma via para bicicletas, que serviria não apenas para o lazer do final de semana, mas também como meio de transporte para quem trabalha e utiliza os serviços da região.

Assim, no dia 28 de junho de 2015, um domingo, após seis meses de transtornos no trânsito, a ciclovia foi inaugurada com grande sucesso. O congestionamento de carros durante a semana deu espaço para um grande congestionamento de famílias, bicicletas e outros eventos de lazer.

Coluna Arthur Casas (Foto: Divulgação)

Aconteceram apresentações musicais, foodbikes (bicicletas que vendiam comidas), performances e exposições. Como o tempo ajudou, muitos levaram sua canga e aproveitaram para tomar um banho de sol, bem no meio do cruzamento mais movimentado, entre a Avenida Paulista e a Rua Augusta.

Estamos vivendo a retomada da paulista, agora também como local de lazer, para passear aos domingos com os filhos, correr com o cachorro e dar uma pausa na feirinha do MASP.

Como este é o momento das bicicletas na Paulista, termino com uma frase do grande jornalista Joseval Peixoto, da rádio jovem Pan, que representa muito bem essa fase: “Esse é mais um capitulo vivo da historia”.

 


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