A arte conceitual produzida nos dias de hoje deve boa parte de sua existência à turma da performance, que entre os anos 1950 e 1980 rompeu com quase todas as estéticas vigentes então, para apresentar ao mundo obras tão revolucionárias quanto efêmeras. Momentos únicos como Art Women-Paint, de Yves Klein em 1962, em que ele usa mulheres como pincéis para pintar telas, ficaram na memória de quem ali esteve. Para nosso deleite, foram também registrados em fotografias. A eternização desses instantes pode agora ser vista na exposição O Corpo Expandido, em cartaz na Galeria paulistana Jaqueline Martins.
São 110 imagens que traduzem ao pé da letra a expressão ‘vanguarda’, tamanha a profusão de atitudes à frente de seu tempo – para não dizer dos tempos atuais. Pertencentes a coleções particulares de Roma e Turim, as memórias fotográficas impactam graças ao uso do corpo como instrumento de reflexão. A silhueta feminina nua é frequentemente vista, como na Sculture Vivente de Piero Manzoni, em 1961, em que ele utilizou corpos de mulheres como telas nas quais deixou sua assinatura.
Vettor Pisani, em Lo Scorrevole, 1975, tenta dizer através do olhar sereno de uma mulher nua acorrentada pelo pescoço, que sua batalha é feita de forma despojada, mas retém o poder de fazer avançar a história. Jannis Kounellis em O Motivo Africano, de 1970, faz o mesmo com a modelo sentada com o rosto coberto, como um objeto decorativo de impacto.
De uma maneira geral, para eles, o corpo era um meio para expressar um fim maior: a arte. E em nome dela há ainda quem foi muito além, como Sterlac, na Event for Stretched Skin, em 1977. Na performance o artista inseriu ganchos no próprio corpo e ficou suspenso por cabos, para demonstrar como a estrutura física é obsoleta.
Durante a mostra, que vai até o dia 30 de setembro, algumas das imagens estarão à venda.
O corpo expandido
Local: Galeria Jaqueline Martins
Endereço: Rua Doutor Virgílio de Carvalho Pinto, 74 - São Paulo
Data: até 30 de setembro
