Mesmo com o temporal que costuma afastar os cariocas da rua, foi dada, nesta quarta, a largada da temporada artsy no Rio de Janeiro. Depois de uma edição bombástica com vendas assustadoramente mais altas que a SP Arte, as organizadoras da Art Rio sofreram poucos bocados ano passado: a segunda edição dobrou de tamanho, mas os problemas dobraram junto. Reclamações sobre os espaços, desorganização da produção e o excesso de eventos de entretenimento colocaram em xeque a qualidade da feira que nasceu com tanto louvor!
A terceira edição, no entanto, veio para colocar a Cidade Maravilhosa de volta no roteiro dos grandes colecionadores. Apesar do mercado não parecer tão aquecido quanto nos últimos anos, galeristas estavam animados com a nova versão mais enxuta da feira e com espaços mais generosos. Afinal, não estamos em uma bienal e o objetivo do evento não é elocubrar sobre o futuro da arte contemporânea e sim vender, mas arte precisa sempre respirar, né? Nada de estande-mafuá, please !
Seguem abaixo, algumas das obras que mais gostei. Divirtam-se!
O Anish Kapoor, trazido pela Gladstone Gallery, foi sucesso. Todos que passavam por lá faziam um autorretrato no espelho côncavo do artista plástico indiano-britânico.
Na Galeria Leme, uma belíssima instalação de Marcelo Moscheta com fotos tiradas em sua residência na Patagônia e a série Slugfest (foto) de esculturas feitas com canos de ferro com neon assinadas pelo escocês David Batchelor.
Maria Baró levou escultura de ferro e vidro de Túlio Pinto. O artista candango costuma brincar com equilíbrio, peso, rigidez, elasticidade e fragilidade de diferentes materiais.
As crianças adoraram a versão de Nelson Leirner com os skates feitos pelo Itsu: designers cariocas que também fazem bicicletas ( não percam a versão dobrável de madeira exposta na Galeria Nacional!) e móveis como cômodas e mesinha lateral. Veja no stand da Silvia Cintra + Box 4.
Na White Cube, não deixe de conferir a escultura de Theaster Gates – americano que estudou design e urbanismo e hoje dedica maior parte do dinheiro que ganha nas artes plásticas para recuperar imóveis degradados em Chicago, cidade onde cresceu e vive. Este mês, outras obras do artista também estão em exposição na filial paulista e chinesa da galeria londrina.
A Pace Gallery deixou todos de queixo caído com um stand lotado de Calders raríssimos.
A americana Leon Tovar Gallery investiu somente em artistas cinéticos (tendência!). Entre eles, confira a instigante escultura-instalação do venezuelano Jesús Rafael Soto.
Adorei o espaço do Paulo Kuczynski Escritório de Arte com um mini Chamberlain entre Volpis e Cildos
Procure por alguns Waltércios espalhados pela feira...sempre lindos! A escultura acima está na Ronie Mesquita Galeria
Nova série de Rosana Ricalde, exposta no espaço Emma Thomas, é inspirada em fragmentos de tapetes persas.
Na Johannes Vogt Gallery, as esculturas geométricas da década de 1980s assinadas pelo inglês Garth Evans
Mais um John Chamberlain! A escultura feita com sucata em versão prateada e com quase dois metros de altura está na Gagosian Gallery. Bem chic.
Amo as instalações da argentina Graciela Sacco apresentadas na Rolf Art. Na série Esperando a los bárbaros (foto), que já esteve na Bienal de São Paulo, é composta por vídeos de olhos emoldurados por pedaços de madeira que acusam, atacam e espionam aqueles que dão nome a obra
Na alemã Galerie Koal, linda instalação e aquarelas de Martin Flemming apaixonado por esquemas matemáticos e formas minimalistas e arquitetônicas da Bauhaus e pinturas de Katinka Pilscheur (à dir.) que se interessa pelas cores da indústria automotiva. Na foto, o vermelho é marca registrada da Porsche.
Da Suíça, confira dos delicados desenhos feitos sobre concreto de Monica Ursina Jäger expostos na Christinger de Mayo
A carioca Galeria Inox apresentou pinturas do cubano Jorge Mayet, que chamou atenção na última SP Arte pelas esculturas em forma de árvores voadoras. As pinturas apresentadas por aqui são poéticas e de qualidade invejável.
Edu Fernandes apresentou a série Nós do desejo , inspirada em textos de Jacques Lacan , de Daisy Xavier
Impressionante a delicadeza e qualidade das fotografias do austríaco Josef Hoflehner que estão no stand da Galeria Tempo. Eu quero!
Na Marian Goodman Gallery, fotos do alemão Lothar Baumgarten que já representou seu país na Bienal de Veneza e Documenta de Kassel
Para fechar com chave de ouro, visite o espaço da Galeria de Arte Ipanema. Lá você vai encontrar um Lúcio Fontana básico...vai bem em qualquer parede!