Quando o destino colocou diante da família australiana o antigo estábulo em Glebe, em Sydney, foi suficiente para provocar nos futuros proprietários o desejo imediato de transformá-lo no seu lar. Buscaram então a opinião dos profissionais do escritório Carter Williamson Architects. Morar em um lugar que já abrigou bovinos? A resposta foi encorajadora. Assim surgia um projeto de reforma – uma vez que muito da estrutura da construção estava comprometida. De modo respeitoso, a edificação foi modificada.
Criou-se para a família gregária um espaço social de ambientes intensamente integrados. Até mesmo o jardim parece fazer parte integral desta ala. A organização da casa, no entanto, foi pouco modificada. A cozinha, por exemplo, permaneceu num ponto improvável: o canto que faceia a rua. As salas de jantar e estar acontecem como uma continuação fluida de tal ambiente. Uma grande estante de livros ladeia a mesa de jantar – outra escolha incomum.
O quarto do casal ocupa o mezanino sobre a cozinha. Já os dormitórios infantis ficam no térreo, no final da construção em “L”. O banheiro vermelho faz referência à origem venezuelana dos moradores.
O desenho peculiar do telhado se deve ao fato de haver, na calçada, bem em frente à casa, um enorme jacarandá. A queda longa e acentuada de uma das águas da cobertura foi feita de modo para evitar o acúmulo de folhas e flores que caem da árvore. A ideia é prevenir as inundações das calhas – coisa que acontecia antes.
No fim, o telhado dá charme à construção. As janelas, que o acompanham, rendem aos moradores um visual diferente, de dentro para fora. As aberturas, altas como são, garantem a privacidade da família e ao mesmo tempo um boa iluminação no interior da morada.
Em termos de acabamentos, os arquitetos se mantiveram fieis ao modelo original. O piso de concreto foi apenas polido, a estrutura de madeira permaneceu exposta, assim como as paredes de tijolo. Nas partes onde os elementos foram refeitos, não percebe-se tanto a mudança. E essa é a graça.