Apesar de recente, a planta original deste apartamento em Ottawa, no Canadá, apresentava diversos empecilhos para a criação de um lar espaçoso e em sintonia com os tempos atuais. Com 79 m², o imóvel dividia-se em diversos pequenos cômodos, limitando as opções para um bom projeto de interiores. Foi então que o time de arquitetos do escritório Kariouk Associates entrou em ação, derrubando paredes como se não houvesse amanhã. O desafio era encontrar uma maneira de juntar os espaços, tradicionalmente separados entre “públicos” e “privados”, de forma harmoniosa e única.
Após a remoção das divisórias, o apartamento continuava a expor complicações, como colunas e armários desalinhados que criavam um visual interrompido. A solução foi colocar, em grande parte da extensão da casa, novos armários da mesma altura das paredes. Assim, além de regularizar o contorno do apartamento, o espaço para armazenamento praticamente dobrou. Em seguida, estruturas elípticas foram idealizadas para encobrir as colunas que continuavam expostas.
O mesmo formato foi reproduzido em vidro para criar o box, que é separado do banheiro para melhor aproveitar o espaço. A escolha expõe a ousadia dos arquitetos ao deixar o chuveiro, que geralmente pertence à área privada, na área de convivência. Pelo menos a configuração proporciona uma vista de 270° da cidade para ser aproveitada durante o banho. A única proteção à privacidade dos moradores está na forma de uma cortina que pode, quando preciso, ocultar o quarto do resto do projeto.
No banheiro oficial, mais uma solução criativa dos profissionais do Kariouk Associates. Para que o cachorro dos proprietários pudesse beber água sem fazer bagunça, instalou-se um urinol, que faz as vezes de bebedouro canino. Enquanto isso, do lado de fora, os armários são de fato bem aproveitados: um deles, quando aberto, revela um home office com banquinho, computador, prateleiras e um teclado musical.
De modo a criar uma unidade visual no interior, usou-se no piso todo ladrilhos de porcelana branca cujas propriedades reflexivas aumentam a luminosidade. Estes se estendem ao terraço, de forma a integrá-lo ao restante do apartamento. Neste espaço, há outro elemento que atesta a fuga de padrões praticada pelos profissionais – varas acrílicas de fibra ótica, que balançam e emitem sons de plantas ao vento, formam uma espécie de jardim urbano.