Às vezes ela intimida, outras vezes desarma, e, em muitos casos, emociona. Estamos falando da arte. Em se tratando do tema, as possibilidades são infinitas; a mesma peça pode causar reações diferentes de acordo com quem a observa. Talvez seja por isso que o assunto fascina a humanidade há milênios. Não obstante a época em que foi gerada, a relevância do artista que a criou ou suas características estéticas, uma obra de arte valoriza indiscutivelmente qualquer projeto de interiores. Não há residência que não se beneficie de peças estrategicamente posicionadas, ou até mesmo uma coleção que demonstre a personalidade de seus moradores. Veja, a seguir, dez ambientes onde a arte não passa despercebida e inspire-se!
Para a reforma do apartamento dúplex no bairro paulistano dos Jardins, o casal proprietário do imóvel pediu a Jorge Elias, o arquiteto responsável, uma boa visibilidade para sua extensa coleção de arte. A área da escada - cujo piso dialoga com a peça logo atrás -, adquiriu nobreza instantânea com a escultura em mármore, de autoria de Vasco Prado, e a tela de Di Cavalcanti, dos anos 1960.
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Uma mulher à frente de seu tempo. Assim é Jac Leirner, a artista que realizou sua primeira individual em Nova York na décade de 1990. Em sua aconchegante casa, no silencioso bairro do Pacaembu, em São Paulo, fica evidente o gosto pela arte contemporânea. Na parede acima, da esquerda para a direita, trabalhos de Marcelo Cipis, Rodrigo Andrade, Guto Lacaz, José Resende (duas obras) e Adriano Costa (no alto). Sobre a mapoteca, escultura de Décora Bolsoni e luminária da dupla Ana Neute e Rafael Chvaicer.
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3. Dormindo com (muito) estilo
Não há nada como ter espaço de sobra para reunir uma imensa coleção de arte. Em sua propriedade espetacular de 1.200 m² - com direito a um jardim de oliveiras, carvalhos e limoeiros, no topo de um arranha-céu no coração de Manchester -, o arquiteto Ian Simpson optou por obras de Peter Blake, Roxy Walsh, Claude Venard, e John Melville para o dormitório. Afinal, com uma seleção de artistas desse nível qualquer um pode acordar de bom humor.
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No pied-à-terre paulistano do marchand e leiloeiro Jones Bergamin, chama atenção a impactante tela de Alfredo Volpi, da década de 1960, logo na entrada. Os 270 m² estão no sexto andar de um prédio dos anos 1960, nos Jardins. A partir dele, tem-se uma bela visão dos arredores verdes do bairro. Neste espaço, convive com uma cadeira de Joaquim Tenreiro, dos anos 1960, e um tapete, de Jorge Menna Barreto, de 2011.
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Na casa paulistana da colecionadora Regina Pinho de Almeida, a arte está por todos os cantos. Em ambos os lados da lareira, fotos de um homem com camisa de força, de Ortiz. Um colorido complemento ao preto e branco dos quadros, marca presença a cadeira Organic, de Eames e Saarinen para a Vitra. Regina cultiva um acervo prioritariamente de brasileiros e latino-americanos contemporâneos, com um ou outro de fora admitido ao time.
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A dupla de arquitetos Turíbio e Zezinho Santos encarregou-se de criar um projeto de interiores que comportasse as centenas de obras pertencentes ao proprietário do imóvel recifense. Na vitrine, a maioria dos trabalhos é de Mestre Vitalino – à direita, gravura de Cícero Dias e, na parte superior da prateleira, peças de cerâmica da festa do bumba meu boi; abaixo destas, obras de Manuel Eudócio.
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Instalado no Palazzo della Gherardesca, do século 15 - posteriormente convertido em um convento do século 16 -, o Four Seasons Hotel Firenze é praticamente um museu vivo da era renascentista. A Suíte Volterrano preserva os afrescos do italiano Baldassare Franceschini (1660) e papéis de parede chineses do século 19. No lobby, 12 painéis de alto-relevo (1481-1488) mostram figuras mitológicas supostamente criadas por Bertoldo di Giovanni, um dos maiores escultores da época.
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Cruzar oceanos é atividade das mais corriqueiras para Beth Fisher. É como a designer encontra peças e inspiração para as criações expostas no belo showroom que leva seu nome no Humaitá. Após duas décadas na Europa, a designer hoje tem a lagoa Rodrigo de Freitas diante de suas janelas. Na sala de estar, próximo à imensidão de livros, destaca-se o móbile de Alexander Calder, que foi herdado de um tio.
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Localizada no bairro Cidade Jardim, em São Paulo, o apartamento com projeto de Sig Bergamin tem 750 m² e é habitado por um empresário, sua mulher e dois filhos. Na sala de jantar de ar clássico e sóbrio, chama atenção o contraste conferido pela descolada foto de autoria de Vik Muniz. A fuga do estilo excessivamente moderno se deve ao fato de o casal preferir ambientes contemporâneos, porém com pinceladas de um clássico light.
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Brenda Valansi, uma das organizadoras da ArtRio, vive neste apartamento carioca. Trata-se da feira de arte realizada há três anos no Pier Mauá e que, em setembro deste ano, reuniu as principais galerias do Brasil, dos Estados Unidos e de outros 13 países. No escritório há um quadro que dificilmente seria encontrado por lá. Afinal, trata-se de um desenho feito por Sulí de Souza, o avô da carioca.