
Uma propriedade construída no período vitoriano, em 1885, e localizada na região do Kingston upon Thames, em Londres, aguardava novos donos. Instalada ao lado do Richmond Park, uma viva região londrina, era impossível declinar o desejo de criar um lar em um espaço repleto de história.
Mas havia um porém que mantinha os visitantes longe de assinar contratos: a casa pedia uma extensa e delicada renovação - que precisa seguir padrões definidos pela prefeitura local -, principalmente para a ampliação dos ambientes e para a criação de um novo layout do térreo e dos quartos, já que sua última reforma ocorreu nos anos 70.

Como um bom arquiteto que topa diversos desafios, Michel Colaço tomou para si o desafio de reformar o próprio lar em que moraria com seu companheiro, Martin Reid. Assim, o studio Colaço and Graham, que ele mantém junto com Francesca Graham, comandou a renovação dando atenção aos menores detalhes. O projeto foi feito com a observação atenta dos gostos dos moradores, e pode ser considerado um presente (ou até uma declaração) para a dinâmica familiar e os pequenos prazeres.
"O Martin adora cozinhar e sempre receber amigos. Então fazia sentido ter a cozinha aberta e integrada com o living e o jantar", comenta Colaço. "Alem de adicionar um loft no 2º andar da casa, para acomodar o quarto principal com o closet e um banheiro, proporcionando total privacidade", completa ele.

Além disso, Reid é o vice diretor da Biblioteca da London School of Economics - o que explica a vasta coleção de livros (mais de 1.500) que precisava de um abrigo à sua altura. O estar, então, ganhou ares de biblioteca, e possui um espaço calmo e reservado para a leitura e reflexão.
A reforma também vinha para restaurar o aspecto artístico da estrutura: durante as décadas, a casa perdeu alguns de seus aspectos originais, como lareiras e rodapés. Foi preciso maestria para respeitar a alma da casa e, ainda assim, introduzir aspectos modernos e funcionais para viver ali diariamente.

O décor reflete a vida dos moradores, apaixonados por cultura: móveis e objetos de outros lares só viriam para a nova residência caso tivessem memória afetiva ou fossem peças vintage e artísticas.
O jantar, alma da residência ganhou itens especiais. A mesa é assinada por Colaço, e ganhou cadeiras compradas na fábrica da Carl & Hansen na Dinamarca durante uma viagem. A obra "There will never be silence", do artista brasileiro Patrick Rigon, foi comissionada especialmente para o lar, traduzindo as vivências do ambiente, sempre repleto de energia.

A dinâmica de cores é sóbria e autêntica. No lugar de estampas efusivas, foram selecionadas cores brancas e tons cinzas, dando espaço para um conceito atemporal de decoração. Móveis italianos, dinamarqueses, e suecos convivem harmonicamento, tendo, no fundo, um toque brasileiro.

No quarto principal, simplicidade adornada foi a pedida certa. A cama de madeira de carvalho da Heal’s ganhou acessórios e móveis vintage, como as mesas de cabeceira dos anos 70, que tem acabamento em ouro, e almofadas em tons escuros das coleções da Dedon e Carllucci para JAB.


