O slogan da Dutch Design Week 2013 já havia anunciado: Now Future. E assim foi. Em nove dias – de 19 a 27 de outubro –, Eindhoven condensou novas tendências e antecipações de total interesse para os 250 mil visitantes vindos do mundo todo. A cidade de pouco mais de 200 mil habitantes foi literalmente invadida. A energia e o espírito empreendedor dos designers que lá residem transformaram uma importante área industrial destinada ao declínio na “cidade mais criativa do mundo” – título conferido em julho pela revista Forbes. Como isso aconteceu? As ótimas escolas locais atraíram mentes brilhantes e os espaços abandonados das fábricas ofereceram a essas pessoas um bom motivo para permanecer ali.
Piet Hein Eek, Formafantasma, Kiki van Eijk, Joost van Bleiswijk, Nacho Carbonell e BCXSY são alguns dos que elegeram Eindhoven como base. Os estúdios e as residências, até pouco tempo atrás favorecidos com ajuda estatal, espalham-se pela cidade e sua periferia. Nesses lugares abertos e acolhedores, há um fermento criativo ligado à pesquisa e à inovação, mais do que ao frenético reconhecimento do mercado. Embora estejam interessados na venda e na produção de seus projetos, designers e organizadores da Dutch Design Week, que chega à sua 12ª edição com um crescimento exponencial, preferem deixar que o caráter mais comercial do setor seja desenvolvido em outros lugares. Justamente por isso, uma das frases mais ouvidas era: “O que se verá em Milão em dois anos já está aqui”.
* Matéria publicada em Casa Vogue #340 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)
Se isso for verdade, mesmo que em parte, assistiremos a uma verdadeira revolução projetual. O fio condutor dessa design week holandesa é identificado por uma nova emotividade, uma atenção extrema a tudo aquilo que tem a ver com a sensibilidade e as reações diante de um objeto, seja ele simples ou complexo. A experiência determinante da relação entre o homem e o projeto é a base das muitas e diversas pesquisas que estão animando Eindhoven.
A Design Academy, por exemplo, apresentou os projetos dos estudantes recém-formados e de outros designers renomados em uma mostra dupla com o título Self Unself, com questionamentos sobre a linha sutil que separa o indivíduo da coletividade. A Kazerne, uma ex-caserna militar, hospedou o Eat Drink Design, que reuniu espaços expositivos, loja de design e restaurante. A lista das iniciativas que foram levadas nessa direção poderia continuar por muito tempo. Resta apenas pôr em prática o ensinamento, e aprender a tocar, provar, experimentar diretamente o novo design que avança.