Pensando no problema dos sem-teto, uma realidade em quase todos os lugares do mundo, o arquiteto Stephane Malka, da Malka Architecture, criou A-Kamp47. A instalação, constituída de uma estrutura vertical com 23 barracas militares camufladas, pretende trazer o problema da falta de moradia à tona e criticar a ausência de políticas para resolvê-lo na França. Para Malka, entretanto, os arquitetos contemporâneos têm a missão de adaptar seus projetos às necessidades reais. Por isso, além da discussão social, a obra também serve de abrigo para a sociedade marginalizada da região, disponibilizando proteção das intempéries da natureza, do vandalismo e de qualquer problema que poderiam encontrar ao dormir na rua.
O camping vertical só foi possível graças à leveza e mobilidade das tendas pop-up, fáceis de montar, assim como abrir um guarda-chuva. Entretanto, quando sozinhas, ficam expostas ao frio, a roubos e a batidas policias. Daí surgiu a ideia de juntá-las. Em grupo, elas se tornam um abrigo muito mais sólido e seguro. Apesar de uma estrutura vertical de barracas parecer insegura, à primeira vista, elas foram completamente fortalecidas. Receberam uma manta elástica para aguentar o peso de uma pessoa dormindo ali e outra isotérmica, para combater o frio. O acesso às barracas é feito através de um corredor interno, que fica escondido entre elas e o paredão.
Além da provocação política e social, A-kamp47 ainda levanta outra questão. A instalação foi erguida em um paredão que fica entre um centro cultural e um viaduto ferroviário na cidade de Marselha, na França. O arquiteto se aproveitou da ambiguidade do local e a situação da obra - no limiar entre a legalidade e a ilegalidade - para questionar: seria aquele lugar público ou privado?
A-Kamp47 é parte do livro Petit Pari(s), de Malka Architecture, que será lançado em janeiro de 2014.