A Igreja de St. Moritz, na Alemanha, ao longo de seus quase mil anos de existência, passou por diversas mudanças. A construção sobreviveu a incêndios devastadores, guerras, alterações na prática litúrgica e a diferentes escolas estéticas. Cada um destes acontecimentos e fenômenos deixaram suas marcas na arquitetura do templo. Com o objetivo de ver a arquitetura original renascer numa edição atualizada, os serviços de John Pawson foram conclamados.
O primeiro passo da reforma foi identificar tudo aquilo que seria removido. Afinal, quais eram os elementos essenciais? Feito isso, houve uma reordenação dos artefatos remanescentes, para que fosse criado um ritmo de percepção das obras, bem como algum destaque para as principais delas. A estátua Christus Salvator, de Georg Petel, por exemplo, é a única obra de arte que ocupa o altar.
O foco da reforma da igreja foi ressaltar a nave central, ou seja, o trajeto. Tendo como ponto focal, apoteótico o altar. Outra preocupação fundamental, foi alcançar uma iluminação que fosse, por um lado, eficiente e, por outro, conceitual. A luz solar tem forte conteúdo metafórico num ambiente religioso. Por isso, o vidro de todas as janelas foi trocado por fatias de ônix. O resultado é a substituição da luz direta, pela intensa luz difusa.
Buscando a linguagem arquitetônica mais antiga da catedral, Pawson buscou promover uma limpeza das formas e ornamentos supérfluos. O branco foi empregado em todas as superfícies, como artimanha simbológica. Até mesmo o piso tende a alvura. Ao final da reforma o que foi concretizado é a perfeita mistura da arquitetura contemporânea, com seus traços precisos, com a expressão histórica, e sua distribuição de espaços.