Quantcast
Channel: Casa Vogue
Viewing all articles
Browse latest Browse all 23614

Solar em Bragança é uma viagem no tempo

$
0
0
  (Foto: Ricardo Labougle)

Entre os prédios da arquitetura doméstica do Brasil Antigo, o mais suntuoso é o solar. É o caso deste, no interior de São Paulo, projetado, construído e decorado pelo arquiteto Jorge Elias para cumprir a função de refúgio de fim de semana, com todo o conforto moderno, em cenário que exalta a brasilidade do século 18 em seu esplendor. “Não é herança de família, a casa foi feita dentro das normas do estilo colonial brasileiro com suas características plenas”, diz o arquiteto sobre o casarão de 2.500 m² em terreno de 25 mil m², iniciado em 2009 e concluído no ano passado, com sede de dez quartos e pavilhão da piscina em estilo Brasil Império.

Jorge tem uma trajetória singular no cenário atual dominado por obras contemporâneas. É um arquiteto clássico, como ele mesmo se considera com orgulho. “Trabalho há 30 anos. A primeira linda casa que fiz foi a da Eliana Tranchesi no Morumbi. Desde então, foram centenas de projetos”, diz o paulista de Ituverava, que fez seu nome na arquitetura de luxo.
 

  (Foto: Ricardo Labougle)

Até o fim do século 19, os imóveis eram medidos pela quantidade de janelas na fachada, visto que os “riscos”, como eram chamados os projetos arquitetônicos, primavam pela simetria. Neste, fora a fora, são 11 esquadrias no segundo pavimento. A imponência colonial se acentua com uma aleia de palmeiras-imperiais que dirige o olhar para a fachada principal, cujo corpo central é coroado por uma platibanda dotada de frontão triangular com relevo de ornatos barrocos. No interior, predominam duas cores características do nosso passado, o amarelo e o azul, que colorem o forro de tábuas presente em todos os cômodos.

O visitante é recebido no hall por um arcaz de sacristia de jacarandá, do século 18, que originalmente guardava paramentos, alfaias e outros objetos sagrados.O jacarandá estava entre as “árvores de cheiro (...), boa para lavrar obras-primas”, segundo o historiador Balthazar da Silva Lisboa (1761-1840), Juiz Conservador dos Cortes de Madeira, responsável pela catalogação das espécies da Mata Atlântica em torno de Ilhéus, a mando de D.Maria I. Conforme o magistrado, o jacarandá servia “para todas as obras de decoração e ornatos das salas”. Acima do arcaz, uma concessão ao contemporâneo: a tela de Adriana Varejão, da série Mares e Azulejos.

A visão de conjunto do projeto homenageia a memória material da casa brasileira. Dividido entre os estilos D. João V, D. José I e D.Maria I, nosso século 18 se destaca pela produção artesanal de mobília com elementos que evocam a talha, como se pode admirar no requinte do décor deste solar neocolonial. Exemplos significativos de artes plásticas nacionais também se fazem presentes, dois em particular, ambos na sala. Um deles é o par de tapeçarias produzidas na manufatura francesa de Gobelins, com base nos retratos de Albert Eckhout (1610-1666), Mulher Africana e Tapuia, da série Tapeçaria das Antigas Índias, valioso registro antropológico da década de 1690, período em que esse grande artista e estudioso holandês visitou nossa terra a convite do príncipe Maurício de Nassau.O outro é o carvão sobre papel de Candido Portinari (1903-1962), da série Trabalhadores, maior nome do nosso modernismo que, neste ano, vem sendo homenageado por ocasião dos 110 anos de seu nascimento.

* Matéria publicada em Casa Vogue #340 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  •  
  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  •  
  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

  (Foto: Ricardo Labougle)

 

 


Viewing all articles
Browse latest Browse all 23614