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Uma casa ideal, como a brisa do Recife

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  (Foto: Rogério Maranhão)

O terreno ela ganhou de casamento do pai. A casa, idealizou com o marido, Ricardo. E o projeto, ambos fizeram com o arquiteto pernambucano Jorge Martins. Foi assim que nasceu a residência de Maria Digna Pessoa de Queiroz, fundadora da Casa Caiada, marca de luxuosos tapetes artesanais de lã pura bordados à mão. Erguida há 50 anos, a construção de 450 m² foi concebida no estilo colonial brasileiro, mas não aquele das portas e janelas curvas. Ao contrário, as linhas retas dos batentes de imbuia criados por Ricardo abrem espaço para as peças antigas e históricas que se espalham pelos ambientes.

Localizada à beira do rio Capibaribe, no bairro Ilha do Retiro, no Recife, a casa possui cômodos amplos e arejados, graças à ventilação cruzada prevista no bem traçado projeto. “Não temos ar-condicionado, com exceção do nosso quarto para atenuar o calor nas noites quentes do verão”,
conta Maria Digna, atestando a eficiência arquitetônica da construção de dois pavimentos. Em ambos os andares, tábuas largas de madeira gonçalo-alves forram o piso. Já na varanda e no salão destinado aos sete filhos, para ficarem à vontade com os amigos, o piso de cerâmica foi produção do amigo Francisco Brennand, que também desenhou os pequenos azulejos utilizados como rebordo da moldura interna das janelas do amplo estar.

  (Foto: Rogério Maranhão)

O antigo e o novo dão o tom da morada, especialmente nesse ambiente, que imprime o estilo colonial suave” pretendido pelo casal, conforme define Maria Digna, que decorou o imóvel. Para exibir a coleção de pesos de papel de vidro e outros de Murano, os dois moradores mandaram  fazer sob encomenda uma mesa de vidro quadrada com base de madeira . Ao redor dela, sofás e poltronas bege oferecem confortável assento em meio a itens tão antigos como a própria história do Brasil. Bom exemplo é o grande oratório com a imagem central de Cristo crucificado, que pertenceu a D. JoãoVI. “Compramos com a orientação do Abelardo Rodrigues [1908-1971]”, conta Maria Digna, referindo-se a um dos maiores colecionadores de arte sacra do país. Posicionada em local de destaque no living, a peça fica sobre uma cômoda de jacarandá.

Os santos e o espaço de oração também estão presentes na saleta no segundo andar, onde se localiza o oratório trazido da casa da mãe da moradora e ladeado por castiçais cinza encontrados nos escombros da igreja de Porto Calvo, AL. O templo foi palco do assassinato de Domingos Fernandes Calabar (1600-1635), senhor de engenho na capitania de Pernambuco, considerado o maior traidor da história do Brasil por ter se aliado aos holandeses em 1632. É também nesse ambiente que fica um item que Maria Digna afirma ser “muito coisa de pernambucano”: uma cadeira de balanço de sua sogra, e onde a dona da casa amamentou os filhos.

Além desse, há assentos com balanço na varanda voltada para o jardim. É ali que o casal gosta de se sentar para longos bate-papos. Vez ou outra recebe amigos na sala de jantar, decorada com peças do pai de Ricardo, como a mesa e as cadeiras e o grande lustre Baccarat. Na parede pintada de amarelo, a coleção de porcelanas azul-borrão produzidas pelos portugueses em Macau, no século 16, reitera a brasilidade desta morada que recende a história.

* Matéria publicada em Casa Vogue #340 (assinantes têm acesso à edição digital da revista)

  (Foto: Rogério Maranhão)

 

  (Foto: Rogério Maranhão)

 

  (Foto: Rogério Maranhão)

 

  (Foto: Rogério Maranhão)

 

  (Foto: Rogério Maranhão)

 

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  (Foto: Rogério Maranhão)

 

  (Foto: Rogério Maranhão)

 

  (Foto: Rogério Maranhão)

 


 

 


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